DIVIDINDO O CONHECIMENTO
Com experiência e dicas valiosas, eles estão dispostos a ajudar nos estudos para o ENEM
A importância do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ser traduzida pelas possibilidades que a prova oferece aos candidatos: a nota é usada como critério de acesso ao ensino superior, além de ser requisito para receber o benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), participar do programa Ciência sem Fronteiras ou conquistar vagas gratuitas em cursos técnicos oferecidos pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). E é em busca de todas essas oportunidades que, nos dias 5 e 6 de novembro, mais de nove milhões de pessoas em todo o País vão encarar o Enem.
Beatriz Fagundes, de São José do Rio Preto/SP, é uma delas. O sonho: cursar medicina veterinária. “É a terceira vez que faço o Enem. Não tem como evitar a ansiedade, mas procuro me acalmar com atividades físicas e muito estudo”, conta. As atividades físicas, inclusive, foram sugestão de Gilmarcio Oliveira, estudante de Química Ambiental na Unesp e uma das pessoas que participam de uma espécie de “corrente do bem”, que tem o objetivo de ajudar estudantes a se darem bem nas provas. A ajuda, como se vê, vai além do conteúdo exigido nas provas. Isso porque a experiência de quem já passou por isso acaba sendo de grande valor para os mais novos. Dicas que, muitas vezes, não estão relacionadas diretamente ao conteúdo, podem ser valiosas. “Muita gente acha que Química é ‘decoreba’ e eu aproveito esses momentos com a Beatriz para mostrar que não é assim e também que a disciplina não é um bicho de sete cabeças. São várias coisas que envolvem uma boa prova e eu tento passar essas dicas pra ela, assim eu acredito que ela vá mais tranquila para a prova e isso é ótimo”, conta Gilmarcio.
Pelas redes sociais
Gilmarcio se ofereceu para ajudar candidatos do Enem e de outros vestibulares depois de ter visto uma publicação no Facebook sugerindo que pessoas com experiência pudessem compartilhar seus conhecimentos com os mais novos. Assim como ele, Arthur Ávila, que é formado em Letras, também decidiu se mobilizar para ajudar. Para ele, a solidariedade pode ser praticada de diversas formas: “Muito se fala em ajudar o próximo com doações de roupas e alimentos, mas existem muitas maneiras de fazer isso e uma delas é compartilhando conhecimento. Muita gente gostaria de estudar mais ou fazer um cursinho e não pode, especialmente por questões financeiras. Por isso, entendo que é possível fazer a diferença na vida delas, ainda que seja com algo simples – como dar dicas ou tirar dúvidas”, reflete.
Virtual ou pessoalmente, Arthur acredita que a ajuda, por si só, já é um grande incentivo para quem está passando por esta fase: “O simples fato de um estudante receber essa atenção, esse ‘ombro amigo’, é uma forma de acalmar e melhorar a autoestima. Transmitir confiança e segurança faz muita diferença nesse período. Eu já fui vestibulando de universidade pública e acho que a minha experiência de vida pode ser útil pra outras pessoas”. Para ele, se duas ou três pessoas conseguirem melhorar o desempenho com a colaboração que se disponibiliza a dar, já é um grande feito: “Meu objetivo é ajudar de alguma forma, só isso. O que posso oferecer é meu tempo e o que aprendi na faculdade de Letras”. No Facebook, ele oferece apoio nas disciplinas Inglês, Espanhol e Português. Levando em conta que a redação é um dos pontos cruciais do Enem, sem dúvidas, receber dicas de alguém com experiência pode ser um grande diferencial.
Interdisciplinaridade
Entre os temas exigidos no Enem, a capacidade de relacionar conteúdos com a vida em sociedade é, sem dúvidas, um dos destaques. Ao longo da prova, é possível que o estudante se depare com enunciados que envolvem diferentes áreas ligadas a História, Geografia, Filosofia e Sociologia, entre outras. Luis Felipe Siqueira Valêncio foi professor de Filosofia em cursinho e também entrou na corrente porque acredita que “É diferente quando não é um professor em sala que está trabalhando o conteúdo. Estudar a mesma coisa com outras pessoas abre mais possibilidades e faz com que pontos que ainda não estão muito bem resolvidos possam ser debatidos e questionados”. Segundo ele, a dificuldade do Enem é relativa. “Para alunos de classes média e alta, que estudaram em escolas particulares, os saberes clássicos não são grande coisa. Já para as pessoas historicamente excluídas, isso pode ser uma grande barreira. As universidades públicas ainda são elitizadas e, então, colocar-me à disposição para auxiliar neste processo é materializar meus votos de que todos possam ter acesso a elas”, finaliza.
Dicas
Para se dar bem no Enem e nos vestibulares, estudar é fundamental e garante tranquilidade na hora de fazer a prova. Mas, mais do que isso, existem outras coisas que podem ser feitas a fim de que o rendimento e, consequentemente, o resultado, sejam melhores. Confira algumas dicas:
Descanse: Entre uma disciplina e outra, que tal dar uma paradinha? O cansaço mental reduz a concentração e a assimilação de conteúdo e o resultado disso é negativo e não compensa o sacrifício.
Alimente-se: Alimentação de qualidade é fundamental. Comer “o que der” ou “na hora que der” faz com que o organismo naturalmente economize energia, o que vai dificultar o rendimento.
Pratique uma atividade física: Estudos comprovam que as atividades físicas provocam efeitos benéficos ao corpo e à mente, além de diminuírem o nível de estresse. Portanto, mexa-se!
Pense positivo: Nosso cérebro cumpre ordens. Se o comando é negativo, o efeito é igual. Lamentar o quanto determinada disciplina é difícil vai fazer com que seu cérebro entenda que você precisa se livrar dela.
Reserve um tempo para o lazer: E, mais importante, não se culpe. Ter momentos de distração é importante para que todo o corpo volte “ao estado normal”, o que vai garantir mais energia para a próxima etapa.
Leia notícias: Esteja por dentro do dos assuntos atuais porque eles serão fundamentais para resolver questões que envolvem a interdisciplinaridade e para fazer a redação.
Não deixe para estudar na última hora: Organize seu tempo e estude com antecedência. Assim, você terá tempo para tirar dúvidas com professores e assimilar melhor o conteúdo.
Reportagem: Vania Nocchi / Notícias do Bem
Fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem
30/10/2016
30/10/2016 09:48