GASTRONOMIA INCLUSIVA
Um diamante na cozinha
“Nada melhor do que começar o dia com meus alunos felizes com a conquista”. E felicidade lembra sorriso sincero. Um sorriso sincero feito diamante. O diamante de João. Que também é Augusto, e também é Diamante. E o brilho raro, do autor dessa frase de quem se alegra pela alegria dos outros, é dele próprio. Um diamante lapidado pelas adversidades e asperezas da vida, mas que a tudo superou. Do alto do morro do Andaraí, no Rio de Janeiro, para o alto da Torre Eiffel, em Paris, onde também foi brilhar até consolidar sua carreira como chef de cozinha.
João Diamante, atual chef executivo do restaurante do Museu do Amanhã, no Rio, esteve em Rio Preto para dois dias de workshops na escola de gastronomia Le Grand Chef. Veio compartilhar um pouco da sua história de vida e do seu conhecimento gastronômico.
Com 25 anos de idade e uma bagagem cheia de experiência, Diamante é apontado como um dos mais promissores chefs do Brasil. Nascido na Bahia e criado na comunidade da Divineia, no complexo do Andaraí (zona norte do Rio de Janeiro), João reúne em sua história de vida superação de desigualdades, esforço pessoal, referência, projetos e políticas de inclusão.
Diamante iniciou a sua carreira na gastronomia aos 9 anos ajudando um padeiro. Aos 18 anos, entrou para a Marinha e trabalhou na cozinha, onde chegou a assumir o posto de cozinheiro. Por meio do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), João cursou gastronomia na Estácio de Sá.
Diamante trocou ensinamentos de gastronomia por aulas básicas de francês com uma professora e embarcou para a França. Na ‘idade Luz trabalhou no restaurante da Torre Eiffel, em Paris, de Alain Ducasse (reconhecido como o maior chef da cozinha contemporânea francesa).
Ao voltar para o Brasil, participou de um jantar promovido pelo Reffetorio Gastromotiva, movimento social que reuniu chefs consagrados e voluntários para cozinharem para moradores de rua durante os Jogos Olímpicos. Ele trabalhou junto com a chef Flavia Quaresma, no Fazenda Culinária, localizado no Museu do Amanhã. Até chegar assumir a chefia executiva da casa, quando Flavia deixou o cargo.
Além do restaurante, João comanda o projeto social Diamantes na Cozinha. São seis meses de curso, onde o aluno aprende desde o cultivo de alimentos até a finalização de um prato. Na terceira turma, o projeto tem servido de ponte para indicar os alunos para trabalhar nos restaurantes no Rio de Janeiro.
Diamante evidencia, nas muitas postagens que faz nas redes sociais, que o seu projeto social, o qual define como gastronomia inclusiva, é sem dúvida sua grande realização. Aos alunos do “Diamantes na Cozinha”, por isso mesmo chamados de diamantes, dedica-se ao máximo pra transmitir-lhes conhecimento e inspiração. Inspiração, claro, que rima com paixão.
“Dedicação é total na hora do serviço, para que no final do expediente tudo saia como venho treinando desde 8 anos de idade. Meu coração pulsa através de minhas mãos, e a mão de um cozinheiro tem um poder inimaginável”, relata Diamante. Sua força? Sua base? Está na ponta língua e também estampado na sua dólmã de chef: a família. “Quando você tem uma base em sua trajetória, difícil algo dar errado”, declara.
Texto: Marival Correa / Notícias do Bem
Fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem 06/10/2017
06/10/2017 11:22