Futebol de mesa atrai atletas de todas a idades pelo mundo afora

INSPIRADO NA PAIXÃO NACIONAL

Futebol de mesa atrai atletas de todas a idades em todo o Brasil

Quem foi criança no século XX, principalmente entre as décadas de 1970 e início de 1990, certamente já viu ou brincou de Futebol de Mesa ou Jogo de Botão, como também é conhecido o esporte que criou uma maneira de levar a emoção dos campos de futebol para uma mesa de jogos, transformando crianças e adultos em técnicos e jogadores de grandes times.

Para mostrar um pouco mais sobre esse esporte que envolve muita técnica, arte e a paixão nacional, a equipe do Notícias do Bem acompanhou o treino dos atletas de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

Todos os sábados, os botonistas, como são conhecidos os jogadores de Futebol de Mesa, se reúnem no Centro Esportivo Eldorado, localizado na Zona Norte da cidade. No local, foi cedida uma sala onde são guardados os “campos” e alguns troféus que os times de Rio Preto já ganharam. “América Futebol Clube é Octacampeão Paulista na modalidade três toques, possui três títulos de Campeão Brasileiro e um título da Copa Brasil, conta o botonista e professor Haroldo Fartura.

FutebolNesse dia, botonistas das cidades de Jaboticabal e de Barretos também participaram das partidas no Centro Esportivo. Em um dos salões foi montada as mesas e acontecia a disputa da II da Copa Interior SP de Futebol de Mesa da Modalidade Dadinho (detalhes sobre todas as modalidades no texto abaixo). Em uma das salas internas, outros atletas participavam de um torneio da Liga Rio-Pretense Regional e se preparavam para o XXIX Campeonato Brasileiro Individual, na categoria 3 Toques, que vai acontecer nos dias 6 e 7 de agosto, na cidade de Bilac, no interior paulista.  “Nesse campeonato são mais de 50 atletas inscritos de diversos locais do Brasil como Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro. É uma boa disputa”, revela com bastante expectativa o botonista e professor aposentado José Luis Mendonça, que já foi presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM), nos anos de 2004 a 2008.

“Você pode estar fotografando agora um futuro campeão brasileiro, temos grandes chances de ganhar”, nos alerta o jornalista e professor rio-pretense Marcelo Matos, que é botonista federado pela cidade de Botucatu e é um entusiasta do esporte, promovendo diversas ações em Rio Preto. Marcelo, o Notícias do Bem vai ficar torcendo e estará atento para dar em primeira mão as próximas conquistas.

O atual campeão da Copa do Brasil, na categoria 3 toques, é o auditor rio-pretense Marcelo Buzzo que venceu a disputa em 2014. “A Copa do Brasil acontece a cada dois anos. Fico muito feliz de ter trazido o título para a cidade”, revela o campeão.

Mais do que a disputa em si, o Futebol de Mesa, que, há quase 30 anos, é oficialmente um esporte no Brasil, é uma um prática que desenvolve diversas habilidades e ajuda na interação social. “Hoje em dia, as crianças e os adolescentes passam quase o tempo todo no computador, na internet. Uma atividade como o futebol de mesa agrega amizade, desenvolve técnica, trabalha com matemática, desenvolve a parte psicológica, pois exige do atleta muita atenção, respeito ao próximo e concentração”, ressalta José Luis.

DA BRINCADEIRA AO ESPORTE

Os adultos na faixa de seus 30 e poucos, 40  50 anos, sabem bem o significado da palavra “Estrelão”, nome dado ao campo de futebol de mesa, que começou a ser comercializada, a partir da década de 1970, por uma das maiores fabricantes de brinquedos, a Estrela. O Estrelão era o sonho de consumo dos meninos daquela época.

EstrelaoMedindo 98 X 68 centímetros, o “Estrelão” trazia as demarcações exatas de um campo de futebol. As peças para jogar industrializadas, de plástico, com adesivos colados em cima, com os emblemas dos principais times de futebol, davam a veemência para as partidas. Os 11 jogadores eram escalados – 10 na linha, representados pelas peças arredondadas, 1 goleiro, com estrutura verticalizada, era o guardião do gol. A palheta movimentava os jogadores e a bola era um botão. Tudo organizado no campo e a moeda era jogada. O cara e o coroa definia quem começava a disputa. Falta, pênalti, tiro de meta, escanteio, impedimento era tudo igual, tomada as devidas proporções, como em uma partida oficial de campo.

Os

Beto Magrini, botonista de Barretos/SP, sabe bem a emoção de entrar “em campo” no futebol de mesa, pois fez parte das brincadeiras de sua infância. Com o tempo ele foi deixando o jogo de botão de lado. Até que, em 1987, esperando para ver um clássico entre Corinthians e São Paulo, foi transmitida pela TV uma partida de futebol de mesa, em que pessoas famosas como Oscar Schmidt e Osmar Prado eram os jogadores.

Diferente do Estrelão, Beto viu que existiam mesas profissionais, e que elas eram maiores das que ele conhecia, com 2,2 metros por 1,60 metros. As regras eram diferentes do famoso “leva-leva”, como era definido o jogo que não tinha limites de toques por time. A partir daí, ele voltou a se interessar pelo Futebol de Mesa, a pesquisar mais sobre a prática como um esporte e, atualmente, é um atleta federado. “Eu percebi que a mesma emoção do jogo de campo podia ser sentida no futebol de mesa. Nas partidas que disputamos, temos times com várias características. Temos disputas, por exemplo, entre seleções como a do Brasil de Tele Santana, mais técnica, contra uma Itália de Enzo Bearzot, mais defensiva”, explica Magrini.

VAMOS JOGAR?

Sem restrição de idade limite para praticar, o jogo é indicado para meninos e meninas, homens e mulheres que apreciam o futebol em si, já que a modalidade é totalmente baseada no futebol de campo. Como esporte oficial, nos campeonatos há modalidades definidas e regras para serem seguidas.

FutebolMesmo com diferentes regras, alguns itens essenciais para a prática são os mesmos, a mesa oficial, as duas traves, os dois times com 11 jogadores cada, sendo um goleiro, representado por uma peça retangular, a palheta, o palmometro, que é um equipamento que ajudar o árbitro a medir as jogadas bloqueadas e as movimentações dos botões e o botonista, como técnico que vai, literalmente, mover o time. A bola pode ser redonda ou nos formato de botão ou dado, dependendo da categoria. Em geral as partidas oficiais são divididas em dois tempos, de 20 minutos cada, e as regras de prorrogação e pênaltis são as mesmas de um jogo de campo. Sobre a estratégia de jogo, depende da técnica e experiência de cada atleta de como usar todos os itens a seu favor e vencer a partida.

Para você que teve contato com o jogo em sua infância, que tal voltar a jogar? Ou mesmo acompanhar algumas partidas ou, melhor ainda, apresentar o jogo a seu filho, neto, bisneto, sobrinho, afilhado que ainda não conhece? Quem quiser saber mais ou mesmo praticar o Futebol de Mesa, a dica é visitar um dos treinos da equipe de Rio Preto, aos sábados à tarde, a partir das 14h, no Centro Esportivo do Eldorado, localizado Avenida Monte Aprazível, 2640. Para saber sobre as notícias, a regras oficiais e os campeonatos pelo Brasil e no mundo acesse o site da CBFM – www.cbfm.com.br

A HISTÓRIA E AS MODALIDADES

A origem exata do Futebol de Mesa, em relação à data e ao país criador é controversa, alguns dizem que foi na Espanha, em 1900, criado por um jovem chamado José Huelva Quintero, outros que a inspiração surgiu do jogo de pulgas, que surgiu na França. Controversas a parte, o que todos concordam é que o brasileiro Geraldo Cardoso Décourt foi quem oficializou a prática, quando, em 1930, escreveu um livro com as regras do jogo, por isso em diversas citações é nomeado o grande criador do Futebol de Mesa no mundo.

O que era considerado apenas um jogo, uma brincadeira, no Brasil, em 1988, ganhou status de esporte, decretado pelo Conselho Nacional de Desportos e, em 1992, com o objetivo de promover, organizar, coordenar e representar Federações na modalidade Futebol de Mesa e outras, junto órgãos oficiais ligados ao esporte foi criada a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM). 

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