BEM PENSADO
Você sabe onde está indo?
Durante anos, quando alguém me perguntava isso, minha resposta era musicada: “Eu não sei onde eu tô indo mas sei que tô no meu caminho” (conhece esta música do Raul?). Eu nunca tive uma clareza muito grande de quais seriam os meus próximos passos e nem podia jurar por Deus que, em cinco minutos, não mudaria de ideia. Agindo deste jeito, sempre foi muito difícil que as pessoas mais próximas confiassem naquilo que eu dizia – se eu mesma não assinava embaixo de minhas próprias escolhas, como os outros poderiam?
Eu sempre achei que esta era a minha essência – ser nômade, estar cada hora em um canto fazendo uma coisa diferente. Depois de ter me formado na faculdade de psicologia, por exemplo, e de ter me especializado na área clínica por uma das mais conceituadas instituições hospitalares do país, resolvi me dedicar a implementar um projeto do governo na área de usabilidade de softwares de interação homem-máquina junto ao laboratório de tecnologia de software da Universidade Federal de São Paulo. Eu era a única mulher e da área de humanas na equipe e, durante quase um ano, comi o pão que o diabo amassou tentando compreender termos e conceitos que não faziam parte do meu universo. Quando cansei, resolvi trabalhar em um acampamento de férias com recreação infantil e treinamento de monitoria especializada, onde fiquei por mais quatro anos. Depois disso me mudei para a praia, trabalhei de hostess bilíngue em porta de balada, me pós-graduei em medicina chinesa e me mandei para o outro lado do globo. E foi morando tão longe que eu me dei conta de que eu poderia mudar de ideia e de caminho e de turma e de trabalho quantas vezes quisesse, mas que onde eu fosse sempre estaria me levando junto comigo.
Durante mais de uma década de minha vida eu não fazia a menor ideia do que estava fazendo, de onde estava indo, mas sabia que estava no meu caminho – e, de fato, estava. O que eu não sabia é que este acabava sendo, também, um caminho de fuga de todos os medos que eu tinha. Medo de nunca conseguir atingir de fato o que eu queria, medo de me aprofundar de verdade em alguma coisa, medo de tentar e fracassar, medo de nunca conseguir realizar meus sonhos. Sim, eu tinha sonhos, mas não tinha coragem nem ao menos de pronunciá-los em voz alta, porque fazê-lo significaria me comprometer, e quer jeito mais eficiente de não fracassar em nada do que nunca tentar de verdade?
Descobrir as crenças limitantes que regiam a minha vida de modo absolutamente inconsciente foi determinante para me permitir realizar de verdade as coisas às quais me propunha. Não, eu não sabia onde estava indo mas sabia onde queria chegar e, ao admitir isso, tudo tornou-se extremamente simples: eu só precisava alinhar meus comportamentos.
E hoje, passados alguns anos desde que este processo todo se iniciou, percebo que este alinhamento nunca deixará de acontecer. Precisamos, o tempo todo, estar atentos a nossos comportamentos e nos questionar: “se eu continuar agindo como estou agindo vou conseguir chegar onde quero?”. E, caso a resposta seja “não”, a próxima pergunta deve ser: “quais os novos comportamentos que preciso ter para chegar onde quero chegar?”. Isto é alinhamento. Isto é saber onde se está indo. E isto é a garantia de que vai se chegar lá, ainda que demore. Como dizem por aí, a direção é mais importante do que a velocidade.
E você? Sabe onde está indo?
* Flavia Melissa é psicóloga, educadora emocional e multiplicadora de Vida, Consciência e Espiritualidade. Ajuda pessoas em seu despertar para a espiritualidade na vida cotidiana para que vivam suas vidas com mais plenitude, felicidade e propósito. Desde 2012 distribui gratuitamente material motivacional e inspirador nas redes sociais, impactando diariamente a vida de centenas de milhares de pessoas. Fonte: www.flaviamelissa.com.br/caminhos
07/09/2016
07/09/2016 10:47