Se há algo que essa pandemia escancarou foram as relações. Algumas se desfizeram, outras ficaram pausadas, outras ficaram como no retrovisor de um carro em movimento, cada vez mais distantes, mas, algumas se fortaleceram.
Nós estamos nesta última classe. Que sorte ter você ao meu lado em tempos tão difíceis. Hoje você é meu pai, mãe, irmão, amigo, companheiro, incentivador, líder, ouvinte, conselheiro, pai dos meus filhos e rede de apoio. Encontro em você todas essas figuras, antes divididas em muitas pessoas.
Discutimos? Quase todos os dias. Mas aprendemos, mais do que nunca a pedir desculpas, perdoar e seguir. Revezamos o café, a louça por lavar, os banhos com as crianças. Revezamos a vigília e o descanso. Revezamos a angústia e a esperança. Se um cai o outro levanta. É você quem reveza a coluna correndo atrás de um bebê que aprendeu a andar e compartilha o maior aprendizado de todos: educar outro ser humano. Não só 1, mas 2. É você quem assumiu as aulas online. É você quem está ao meu lado no café da manhã de uma noite mal dormida, quase sempre (bebês lembram?) e no fim do dia quando o corpo todo dói de cansaço. É você quem aperta meus pés e enxuga minhas lágrimas. É você que se alegra com meu sorriso.
De tudo e todos que passaram, ficaram, se ausentaram, somos nós dois cada vez mais. Hoje, enquanto você corria com o almoço que estava atrasado e eu rebolava pra entreter as crianças, nos olhamos e notamos que nem precisamos mais de palavras. A parceria ficou cada mais mais intensa. Depois do almoço, uma música tocou e nós, entre lágrimas e emoções, sim andamos emotivos, nos abraçamos e dançamos juntos no meio das duas crianças que, sem entender nada, mas entendendo tudo, se agarraram a nossas pernas num abraço coletivo. Somos nós 4 contra os monstros lá fora, sejam eles quais forem. Como diria o poeta: é nóis e nóis.
A pandemia vai acabar.
Mas, o que não vai acabar é a cumplicidade cultivada na intensidade desses longos dias sem fim.
Texto: Bruna Oliveira @brunamamaesincera
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