O ESPAÇO URBANO POR UMA OUTRA PERSPECTIVA
Avenida Paulista é ocupada por pedestres e ciclistas aos domingos
Era um domingo de sol e ar fresco, por volta das 10h30 da manhã. Em meio aos suntuosos arranha-céus de um dos principais centros financeiros – da maior cidade brasileira -, um cenário no mínimo inusitado. No lugar de carros, ciclistas, famílias reunidas e pessoas caminhando pelas vias da mais icônica avenida do país, a Avenida Paulista.
Uma paisagem linda e emocionante de se ver e viver!
Eleita o grande símbolo da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista, com mais de 120 anos, já abrigou casarões dos grandes barões do Café, os empresários da indústria e é um dos principais endereços quando o assunto é o mercado financeiro. É parte presente da história do Brasil.
As vias por onde, diariamente, milhares de carros transitam, ganha uma nova função aos domingos e são ocupadas por pessoas que as utilizam como pista de caminhada ou corrida, como palco para sua arte ou mesmo como um ponto de encontro para reunião de amigos.
Nunca imaginei ver a Avenida Paulista, propriamente dita, como um ponto de lazer cultural e esportivo. Sou uma paulistana, morando no interior paulista há muito tempo, e particularmente para mim foi emocionante poder andar, sem pressa, onde por tantas vezes passei quando criança, de carro com os meus pais, ou mesmo como pedestre, já crescida, atravessando as ruas largas e movimentadas.
O sentimento de orgulho e esperança de ver o resgate do verdadeiro papel do espaço que ocupamos, foi intenso naquele momento.
Durante o passeio, presenciei uma ciclista que havia se desequilibrado e caiu. Um tombo leve. Um pai que passeava com sua filha de patins, presenciando a cena, não pensou duas vezes, parou e foi ajudar a moça, que logo encontrou seu equilíbrio e seguiu seu caminho. O mesmo fez o pai e a filha, deslizando os patins pelas vias. Ultimamente, vemos nas notícias tantos casos de intolerância com ciclistas nas ciclovias que estão sendo instaladas em São Paulo e em outras cidades brasileiras. Esse pai provavelmente é um motorista e talvez na correria do dia a dia, a ajuda não seria ou não poderia ser oferecida. Mas acredito, verdadeiramente, que com essa atmosfera que se cria quando temos a alternativa de, como pessoas, ocuparmos de forma diferente e mais humana as vias da cidade, conseguimos nos colocar no lugar do outro e ter atitudes mais pacíficas, respeitosas e fraternas. Em uma mesma via, um motorista da semana, pode ser o ciclista ou o pedestre do domingo.
A vontade que fica é que mais iniciativas como esta sejam promovidas por todo o país!
A abertura da Paulista acontece desde outubro do ano passado. Todo domingo, das 10h às 18h, a avenida é fechada para veículos e aberta para pedestres e ciclistas.
Na próxima visita à minha cidade natal, já anota aí na sua programação, CAMINHADA NA AVENIDA PAULISTA, e viva a experiência simples e incrível das diversas possibilidades de ocupação da área urbana!
Texto: Thais Alves / Notícias do Bem
Imagens: Paulo Alves / colaborador Notícias do Bem