PARÁ EM CENA
Documentário mostra realidade de moradores de Ariramba
O filme “Quilombo Ariramba” já disponível no canal do YouTube do Uni Amazônia, iniciativa socioambiental de conexão com os povos da região do Pará, mostra como é o dia a dia dos moradores e a relação com o estudo fundamental e superior. Veja https://www.youtube.com/watch?v=Od6mEmyfhAg
No quilombo Ariramba, no oeste do Pará, a comunidade não possui nenhuma escola. Do ensino básico ao fundamental as crianças precisam se locomover por, no mínimo, seis horas de barco diariamente até a comunidade mais próxima, Boa Vista. Muitas vezes a seca do rio impossibilita as viagens.
Para quem cursa o ensino médio, a solução mais comum para os estudantes quilombolas é a mudança para Oriximiná (também no oeste do Pará), gasto que nem todas as famílias conseguem arcar.
A forma de ingresso tradicional da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) é a partir do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), mas por virem de uma comunidade quilombola, tanto Inês quanto Eudicéia podem participar do Processo Seletivo Especial Quilombola (PESQ). Esse tipo de vestibular é uma política afirmativa implementada desde 2012 na instituição. Outras universidades como Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), e recentemente, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) possuem processos seletivos parecidos.
O vestibular especial da UFOPA funciona assim: estudantes indígenas passam por uma prova de redação e estudantes quilombolas fazem uma prova específica de língua portuguesa com questões discursivas e objetivas baseadas em textos sobre a cultura quilombola, território, identidade, elementos ligadas à história dos quilombolas no Brasil, na Amazônia e no Pará. Para todos os cursos da universidade são oferecidas, em média, duas vagas para estudantes de comunidades quilombolas e outras duas para estudantes indígenas.
Segundo dados da UFOPA, até 2018, 737 alunos ingressaram na universidade por meio dos processos seletivos especiais, sendo 487 indígenas e 250 quilombolas. Com o objetivo de ajudar o desempenho dos estudantes da região, desde 2015 acontece o cursinho quilombola, uma iniciativa voluntária que hoje faz parte do processo institucional da universidade.
Benefício vem sendo cortadoAcontece que desde de janeiro de 2019, o benefício vem sendo cortado. Apesar da mobilização de estudantes indígenas e quilombolas, 96 bolsas foram suspensas sem nenhum previsão de retorno. Segundo a pesquisa de mestrado de Terezinha Pereira, realizada na mesma UFOPA, o auxílio financeiro do MEC é fundamental para garantir a permanência desses estudantes na Universidade. E com o corte de 30% no repasse às universidades e institutos federais, a situação pode ser ainda mais problemática já que as instituições federais do Pará temem até mesmo a paralisação de suas atividades.
06/06/2019
06/06/2019 17:29