FÉ
Empresário do interior de São Paulo sonha, aplica e acredita na Lei do Amor
Entre Valentim Gentil e Meridiano, duas pequenas cidades da região Noroeste Paulista do Estado de São Paulo, encontramos a “Novo Sinai” – uma comunidade terapêutica que há 12 anos vem transformando vidas de muitas pessoas por meio da espiritualidade e da disciplina. O espaço é criado e coordenado pelo empresário José Carlos Marques, de 50 anos, um homem de fé e apaixonado por música que dedica boa parte do seu tempo a esta missão de resgatar vidas.
Esta vontade de ajudar o próximo foi herdada de Sebastião Marques, pai de Carlinhos como é conhecido na cidade, que na década de 80 criou o primeiro espaço para ajudar dependentes de álcool e seus familiares na pequena cidade de Valentim Gentil. Naquela época, Carlinhos ainda estava no início da adolescência e até achava um pouco maluca esta ideia do pai, mal ele sabia que esse também era o seu caminho.
De uma família católica, ele sempre estava envolvido em assuntos da igreja São Sebastião, de Valentim Gentil, foi quando em 2001 o “chamado” para ajudar ao próximo veio em uma reunião baseada no tema da Campanha da Fraternidade daquele ano que era “Vida sim, drogas não”. No meio da reunião, uma senhora levantou e deu um depoimento sobre como era desesperadora sua vida convivendo com dois filhos dependentes químicos. Aquela história tocou o meu coração e, desde aquele dia, tenho dedicado minha vida a ajudar mães e filhos como daquela senhora”, lembra Carlinhos.
Esta entrega ao próximo é possível sentir por meio da oração de São Francisco de Assis cravejada por meio de placas de madeira no caminho que nos leva até a comunidade “Novo Sinai” – que começa dizendo “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz”. Esta ideia foi do senhor Sebastião Marques e abraçada pelo seu filho, Carlinhos, que segue o maior ensinamento de seu pai, baseado na Bíblia, de “Amar ao próximo como a si mesmo”.
A comunidade
Lá, só recebe o tratamento, com duração média de seis meses, quem chega por vontade própria. Diferente dos convencionais espaços dedicados a tratamentos de dependentes químicos, os portões estão sempre abertos, sem muros e sem empecilhos para quem quiser desistir de enfrentar a difícil tarefa de abandonar antigos vícios.
Ao invés de muros, travas e portões enormes, lá os internos convivem em contato direto com a natureza por meio de rios cheios de tilápias, coelhos, plantas e árvores que compõem um cenário incrível e são convidados, diariamente, a exercitarem e descobrirem o poder da espiritualidade com direito a uma capela só para eles encontrarem forças para renascer e aproveitar a vida de cara limpa.
A rotina é baseada em muita fé e trabalho em equipe. Quando fomos visitar a comunidade, em uma manhã nublada de uma sexta-feira, cada interno estava exercendo um papel, todos muito concentrados e focados: uns estavam cortando a grama para manter a beleza do lugar, outros estavam preparando o almoço (aliás, com um cheiro maravilhoso), já alguns estavam na limpeza deixando tudo limpo e organizado. Depois do trabalho, eles participam de palestras, rodas de conversa, seções com psicóloga e encontros com os familiares em todos os segundos domingos do mês.
Carlinhos garante que a Laborterapia, ou seja, Terapia pelo Trabalho, desperta inúmeros fatores como: produtividade, descoberta de novas habilidades, percepção de responsabilidade, e assimilação da ajuda mútua. “Aqui, cada um sabe da importância do seu trabalho, porque fazemos o pãozinho servido no café da manhã, construímos os tijolos, as paredes, pescamos os peixes das nossas refeições, fazemos nossos próprios bancos. Esse envolvimento com todo o processo, com toda comunidade trabalha profundamente os sentimentos de cada interno como perda, amor, orgulho, afetividade e, mais que tudo, eleva a autoestima”, explica Carlinhos.
Um missionário da fé
Bem ao lado da capela, encontramos o paraibano Lindoberto Fernando dos Santos – um missionário da Pastoral da Sobriedade. Com sotaque carregado e um brilho intenso nos olhos, ele nos contou que há 32 anos vem caminhando um passo de cada vez, levando a palavra de Jesus Cristo para vários lugares do país como Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e até para algumas cidades do Paraguai. Sua história com o álcool começou muito cedo, quando ele tinha 13 anos. Foram sete anos de uma vida destrutiva e aos 20 anos, ele foi parar em Campo Grande, naquela época, já rejeitado pela família devido ao uso abusivo do álcool. Morando nas ruas, ele recebeu um convite para participar de um grupo de oração em uma igreja católica, depois de muitos “nãos” ele decidiu ir só para pararem de o amolarem com esta história de Jesus Cristo. No meio do Grupo de Oração, onde o tema era “Amor de Deus” ele levantou e disse “Se esse Deus me ama, terá que provar”, foi quando ele ouviu sair do Sacrário, lugar onde os objetos sagrados são guardados, uma voz dizendo “Eu amo, e provo”. “Naquele dia eu entrei na igreja bêbado e saí sóbrio e, de lá pra cá, caminho levando essa palavra de amor por onde eu passo”, conta.
Colabore
Hoje, a comunidade “Novo Sinai” tem capacidade para atender 40 pessoas, e precisa muito de doações e ajuda para manter as atividades e ampliar o atendimento, sendo que apenas 20% das vagas são custeadas por convênios com a Unimed de São José do Rio Preto e a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas. Quem quiser ajudar é só entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (17) 3485-7748. Mais informações pelo site www.novosinai.com.br.
Texto: Fernanda Peixe/Notícias do Bem
Fotos: Ricardo Boni/Notícias do Bem
04/12/2016
04/12/2016 20:19