O Grupo de Apoio à Loucura (GAL) faz, nesta semana, as últimas exibições online de seu experimento audiovisual “Experiência XSINDZIVXS” (lê-se disindisivis). As apresentações são gratuitas e acontecem nesta terça (13/4), 19h, e quarta-feira (14/4), 22h, pelo canal do YouTube do grupo de teatro sediado em São José do Rio Preto (SP). Depois de cada exibição, o GAL faz bate-papo pelo Instagram (@_grupodeapoioaloucura).
No trabalho, cuja investigação cênica teve início em 2018 e, em razão da pandemia, foi adaptado para o ambiente virtual, o GAL propõe uma reflexão em torno de temas como o racismo, o feminismo, a loucura e a censura. O elenco criador é formado por Christina Martins, Diego Neves, Suria Amanda, Cassio Henrique e Daniel Bongiovani. Clayton Nascimento (Cia. do Sal) é responsável pela preparação de elenco e Jandilson Vieira (Grupo Redimunho), pelo dramaturgismo. Ambos foram orientadores do GAL no processo de criação, através do Programa Qualificação em Artes. Murilo Gussi, fundador do grupo, assina a direção e iluminação.
Uma das inspirações para o GAL foi o caso do Hospital Colônia de Barbacena (MG), onde 60 mil brasileiros morreram por diferentes causas, desde frio, fome, doenças e eletrochoques. A maioria das pessoas internadas no hospital psiquiátrico, inaugurado em 1903, não tinha transtornos mentais. Eram mulheres, pessoas negras, LGBTs, prostitutas, pessoas com epilepsia, alcoólicos, pessoas que fugiam dos padrões aceitos na sociedade.
O GAL também teve como referência o Dzi Croquettes, grupo de teatro que quebrou tabus na década de 1970, promovendo rupturas estéticas e artísticas, com homens vestidos de mulheres no palco, usando do glamour e da irreverência para driblar a censura. O foco foi unir esses extremos para pensar como estariam aqueles que dizem tudo através do riso, se estivessem presos a uma realidade de descarte humano, segundo Murilo Gussi.
Em “Experiência XSINDZIVXS” (lê-se disindisivis), cinco personagens são deixadas em um hospital psiquiátrico e, por meio de seus depoimentos, relatam suas vidas a partir dos conceitos de loucura impostos pela sociedade, refletindo sobre suas experiências e lugar no mundo. “Partindo da premissa do significado do nome do espetáculo, XSINDZIVXS, quer dizer indizíveis, o que não pode ser dito, não pronunciável, aquele que diz o que não se pode ser dito, levantamos temas necessários à reflexão além do palco”, fala Murilo Gussi. Ele conta que a proposta é passar a mensagem através da graça e da poesia, dando voz e visibilidade àqueles que o trabalho representa e que estão à margem.
O projeto “Experiência XSINDZIVXS” foi um dos selecionados pelo Edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc 36/2020, “Produção e Temporada de Espetáculo de Teatro com Apresentação Online”, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado.
SERVIÇO:
Experiência XSINDZIVXS, com Grupo de Apoio à Loucura (GAL)
Terça (13/4), 19h, e quarta (14/4), 22h, pelo canal do YouTube http://bit.ly/YouTubeGAL e Facebook (@grupodeapoioaloucura). Depois das exibições, haverá bate-papo pelo Instagram (@_grupodeapoioaloucura). Gratuito. 14 anos. 35 minutos.
Texto: Graziela Delalibera
Fotos: Amju Pereira