ALTAS HABILIDADES
Instituição desenvolve sistema de trabalho para alunos dotados e talentosos
Educação requer habilidades especiais, principalmente quando se trata de crianças superdotadas. Infelizmente, no Brasil, ainda faltam informações sobre como educar e ensinar crianças dotadas e talentosas. No entanto, Zenita Guenther, doutora em Psicologia da Educação e mestre em Orientação e Aconselhamento Psicológico pela Universidade South Florida, há 40 anos se dedica à pesquisa e prática em Educação Especial para dotados e talentosos. O Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento (Cedet), fundado por ela, conta atualmente com quatro unidades que adotam essa metodologia (Lavras/MG, Assis/SP, Poços de Caldas/MG e São José do Rio Preto/SP).
Milena Moraes, de 12 anos, é aluna do Cedet de São José do Rio Preto. Junto de um grupo de mais quatro alunos, visitou, na última quinta-feira (14 de abril) a exposição “Mundo Jurássico”, no Riopreto Shopping. Interessada em matemática e ciências, a estudante busca estímulo na instituição e nas atividades desenvolvidas. “O Cedet me ajuda muito. Eu tinha muita vontade de estudar mais matemática e ciências e agora estou conseguindo”, conta. A visita à exposição – que tem peças de até sete metros de altura e informações sobre os animais e o período em que viveram – foi, para ela, uma oportunidade de saber um pouco mais a respeito dessas criaturas que geram tanta curiosidade.
Filha de uma professora e de um mecânico, ela tem aulas de Ciências com a professora Ayla Poltronieri de Oliveira no contraturno escolar e, a cada 15 dias, vai à Universidade Estadual Paulista (Unesp) para estudar matemática com professores voluntários. O voluntariado, a propósito, é muito significativo para o andamento do projeto, de acordo com a coordenadora Mônica Garcia Lopes. “A partir do desejo dos nossos alunos, buscamos parceiros na comunidade para oferecer o que eles precisam e desenvolver seus talentos”, afirma. Atualmente, a instituição busca professores de violão, robótica e inglês para compor o quadro de voluntários.
Superdotação: como lidar?
De acordo com o censo escolar de 2014, são 13.308 alunos identificados como superdotados no país, número 17 vezes maior que o do ano 2000. Alunos com altas habilidades são identificados em escolas públicas e privadas a partir de testes específicos realizados por psicólogos junto aos professores. Em Rio Preto, o Cedet atua há cinco anos e atende 96 estudantes de escolas públicas. O plano de trabalho é desenvolvido a partir dos interesses de cada um. Alguns preferem gastronomia, outros gostam de matemática e ciências, tem também os que têm mais facilidade com línguas. “Tivemos um aluno que queria aprender russo e, como não encontramos professor na cidade, baixamos um programa de computador para ele estudar na instituição e deu certo”, conta a coordenadora.
A estudante Milena está no Cedet há cerca de dois anos. Para ela, o ensino regular é muito demorado: “Eu gostaria que as coisas andassem mais rapidamente na sala de aula, às vezes eu tenho que ficar esperando os outros terminarem os exercícios e isso é chato”. Por isso, um trabalho específico é considerado tão importante por educadores e psicólogos. “Eles são questionadores, precisam de estímulo o tempo todo, não se contentam com respostas prontas. As pessoas pensam que eles não precisam de nada, mas eles precisam de pessoas que entendam as necessidades deles para não perderem o interesse pelas atividades cotidianas”, finaliza Mônica.
Reportagem: Vânia Nocchi / Notícias do Bem
Fotos: Victor Natureza / Notícias do Bem
18/04/2016
18/04/2016 22:18