Mães solteiras recebem aulas preparatórias para o Enem, orientação jurídica e encaminhamento psicológico em Curitiba

EMPODERAMENTO MATERNO

Conheça o linda trabalho da Associação de Jovens Mães Solteiras de Curitiba

Susi Feijó engravidou do namorado quando tinha 16 anos. O relacionamento não deu certo e, depois de muitos problemas, ele foi embora para nunca mais voltar, deixando pra trás a responsabilidade de zelar pela criança exclusivamente nas mãos dela. Essa é a história de vida de Susi e de outras milhares de mulheres – especialmente jovens e periféricas – brasileiras. Para grande parte delas, a realidade é difícil: não há apoio familiar nem informação, elas não terminaram os estudos e o mercado de trabalho é de difícil acesso – muitas vezes, elas não têm com quem deixar a criança para buscar seu sustento. Existem ainda muitas outras questões que permeiam a vida dessas mulheres e foi com base nessas histórias que a Associação de Jovens Mães Solteiras (AJMS) foi criada em Curitiba: o objetivo é incentivar a autoestima e a autonomia dessas mulheres para que elas sintam-se acolhidas, de alguma forma, pela sociedade.

Atualmente, a atividade principal da AJMS é o curso preparatório para o Enem. “Como a maioria abandona os estudos em função da maternidade, montamos um curso parecido com o pré-vestibular, com um horário flexível e com a disponibilidade de levar os filhos para as aulas”, explica Luana Medeiros, fundadora da associação. As aulas e os bate-papos acontecem em um uma sala emprestada localizada no centro de Curitiba (PR), já que a entidade não tem, ainda, um espaço físico. Apesar disso, as associadas participam também de atividades como oficinas e ações sociais e contam com uma rede de acolhimento, que apoia as mães, oferece orientação jurídica e encaminha – quando necessário – para um psicólogo. Em todos os casos, as crianças são bem-vindas e, quando o assunto é mais sério, alguém se dispõe a olhar a criança enquanto a mãe é atendida. A criadora da associação conta que “Elas têm um cadastro que permite acesso às atividades e, nas datas comemorativas, tem uma grande união no sentido de ajudar quem mais precisa”.

AssociaçãoA AJMS sobrevive exclusivamente de trabalho voluntário, empréstimos, doações e rifas. Dentro do prazo máximo de um ano, segundo Luana, a ideia é que as associadas tenham aulas de autodefesa e uma creche comunitária à disposição. “Temos uma lista enorme de ideias e projetos, mas como ainda somos poucas pessoas envolvidas, estamos dando um passo de cada vez”, conta. Ela, que também foi uma jovem mãe solteira, acredita que oferecer alguma perspectiva de vida para quem vive histórias de abandono e desinformação é como ajudar a si mesma: “Me sinto como se estivesse cumprindo uma missão. Essas mulheres são invisíveis e poder ajudá-las é maravilhoso. Quando estou em contato com elas, percebo que meus problemas são muito pequenos, sem falar no vínculo que criamos com as mães e com os bebês, o que resulta em relações de amizade. Eu só ganho com isso”. 

Reportagem: Vânia Nocchi / Notícias do Bem

Fotos: Divulgação

08/04/2016

07/04/2016 21:47

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