Pintor primitivista José Antônio da Silva ganha museu virtual interativo

Museu Virtual Silva sem Fronteiras traz 69 pinturas, 16 esculturas, 27 colagens, fotografias, cartas e objetos pessoais do artista


Considerado um dos mais importantes artistas primitivos brasileiros do século 20 e definido como moderno mundo afora, José Antônio da Silva (1909-1996) acaba de ganhar um museu virtual de realidade imersiva. Trata-se do Museu Virtual Silva sem Fronteiras, uma plataforma digital interativa e com ações gamificadas em que os visitantes podem explorar os materiais de diversas maneiras.

O museu virtual proporciona visualização tridimensional e sonoridade em 360 graus imersiva. Isso possibilita uma experiência completa na visitação online, que é gratuita e de fácil acesso a qualquer aparelho com internet, como computador, smarthphone, tablet e óculos de realidade virtual.

A plataforma reúne 69 pinturas, 16 esculturas, 27 colagens, além de fotografias, cartas e objetos pessoais do artista multifacetado que também foi escultor, desenhista, escritor e repentista. O material digitalizado pertence ao acervo do Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva (MAP), em Rio Preto, onde Silva passou a maior parte de sua vida e teve sua arte descoberta, equipamento ligado à Secretaria Municipal de Cultura.

A iniciativa é do coletivo Robo.Art, sob coordenação de Vinicius Dall’Acqua, agrupamento de artistas sediado na cidade, e tem curadoria do professor e pesquisador Romildo Sant’Anna, estudioso do universo do artista e diretor do MAP até 2019.

Elissa Pomponio e Vinicius Dall’Acqua (Robo.art) com Romildo Sant’anna na pesquisa sobre o acervo de Silva

Realidade imersiva
O trajeto expositivo compreende seis salas virtuais que permitem a divisão de séries pictóricas, a exemplo das 14 pinturas que compõem a “Histórias de São José do Rio Preto” (1966). Uma das salas, intitulada “Memória”, revela a trajetória do artista através de imagens fotográficas e itens pessoais. Outro dos espaços contém uma palestra exclusiva do curador a respeito da vida e obra do artista.

No processo de digitalização, desenvolvido em estúdio montado in loco no próprio museu, foram utilizadas fotos de alta qualidade das pinturas com ajustes de profundidade e brilho da textura. Para as esculturas, aplicou-se o recurso da fotogrametria 3D, a qual permite uma dimensão física do objeto.

O tour interativo pelo Museu Virtual Silva sem Fronteiras acontece a partir das informações fornecidas por áudios-guias, desenvolvidos pelo multiartista Jef Telles e narrados pelo próprio curador, que traz seu olhar crítico e suas vivências pessoais ao acompanhar o pintor da década de 1970 até sua morte, enquanto a alta fidelidade da digitalização propicia visualizar as texturas das telas e das pinceladas.

Além disso, o público tem contato com a dimensão real das obras, uma vez que, ao adentrar na plataforma, cada visitante escolhe um avatar de tamanho padronizado de forma a simular uma visitação física. Ao percorrer as salas, visitantes poderão usar as setas do teclado ou as teclas “W”, “A”, “S” e “D” e a rotação do mouse, como nos games, ou somente o “touch” do smartphone.

Durante todos os finais de semana de fevereiro, três horas por dia, um educador estará online em tempo real para orientar como utilizar a plataforma e tirar quaisquer dúvidas sobre o pintor. O público será convidado a preencher um formulário narrando a experiência, que servirá de base para possíveis ajustes futuros.

Processo de digitalização do acervo de Silva

Sem fronteiras
Dall’Acqua observa que o Museu do Silva, como é conhecido, carece de reconhecimento como patrimônio histórico-cultural pela população rio-pretense e a aplicação de meios tecnológicos pode contribuir para a ampliação do acesso e de sua devida importância e também para a preservação do acervo. “A criação do museu virtual paralelo anula as limitações físicas de disposições geográficas às obras e ao acervo do artista. Apesar de conter 106 obras catalogadas, muitas não estão expostas no Museu de Arte Primitivista devido ao seu espaço limitado. Por ser desenvolvido para o âmbito virtual, a extensão do Museu Virtual Silva sem Fronteiras permite uma exposição completa.”

A ideia é futuramente ampliar o acervo digital, inclusive com a inclusão de peças de coleções particulares.

O projeto Museu Virtual Silva sem Fronteiras é viabilizado pelo ProAC Editais, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, na modalidade “Museus e acervos, reforma, ampliação e modernização”.

Serviço:
Museu Virtual Silva sem Fronteiras

www.robo.art.br/museu-virtual-silva-sem-fronteiras
Acesso a partir de aparelhos com internet como computador, smarthphone, tablet e óculos de realidade virtual

Fotos: Divulgação

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