Previsibilidade. Quando eu ouvi essa palavra me senti abraçada. Senti uma brisa de leveza em meio às amarras da maternidade e suas rotinas.
Desde que nos tornamos mãe a palavra rotina é martelada em nossas mentes como se fosse o manual perfeito para que a nossa maternidade dê certo. Há métodos e livros que pregam amamentação, sonecas, comida, brincadeiras, banhos tudo em horários definidos. Tudo cronometrado, como se bebês fossem máquinas. E nós também. Já caí neste engodo. E a sensação era de que eu não podia perder o controle. Tinha que ter as rédeas sempre. Correr contra o tempo para estar sempre dentro do tempo. Era sufocante, extenuante e frustrante. Mas sabe né, criança precisa ter rotina, sentenciam. Senão, nada dá certo.
Foi quando li a palavra Previsibilidade e recebi um abraço. Ela me permite a ideia de que sim, é preciso oferecer aos filhos o que é previsível, como o dia vai funcionar, isso dá segurança a eles, mas não aprisiona nos horários cronometrados. Me permite observar se meu filho está com sono mesmo pra soneca e não colocá-lo pra tirar a soneca às 9h porque é assim todo dia e pronto, mesmo que aquele dia ele não esteja. Ele pode dormir às 9h30 ou 10h. Ou, algumas vezes não tirar a soneca, por quê não? Me permite aproveitar a brincadeira até um pouco mais tarde, mesmo que ultrapasse a hora definida do jantar. Me permite permitir.
É engraçada a ideia do controle que a rotina nos oferece. A falsa ideia dele, na verdade, pois quando nos tornamos mãe o que mais vemos na prática é que não temos o controle de nada. Aí travamos lutas para possuir um controle imaginário e opressivo muitas vezes. Porquê? Precisa ter rotina. Previsibilidade me soa melhor. Me conduz por um caminho mais leve. Me mostra que nem todos os dias precisamos fazer tudo igual. Que somos humanos e nossos filhos também. Que não somos o relógio que tentamos tanto controlar e acaba nos controlando. Previsibilidade seja bem-vinda à minha maternidade. Ando preferindo a leveza ao controle.
Texto: Bruna Oliveira @brunamamaesincera
.Fotos: Flávia Bazzo / Divulgação