REENCONTRO DA VIDA
Professora de português revê ex-alunos depois de 17 anos
No finalzinho dos anos 90, mais precisamente em 1999, havia uma sala de aula na Escola Estadual Professor José Felício Miziara, formada só de garotos: da sétima série, D. Entre os 40 jovens, na época com 13 anos em média, uns eram tímidos, outros brigões, havia os que só pensavam em jogar bola e àqueles desordeiros.
Durante todo o ano várias professoras chegaram a desistir deles até chegar Lucila Papacosta Conte com seu papo direto de “homem” para “homem”, disposta a ouvir as histórias deles, compartilhar experiências e transformar dores e alegrias em poesias, sem filtros, sem receios, sem medos.
Desde o primeiro momento, aqueles garotos, em plena explosão de hormônios, até então consideramos rebeldes por muito, sentiram-se acolhidos e começaram a colocar pra fora tudo seus sentimentos mais profundos, aos poucos um foi ajudando o outro, criando uma relação de confiança, de amizade e de respeito mútuo.
Depois de 17 anos, parte desta turma composta por Rafael Sizenando, Wesley Cesar Guimarães, Gustavo Taktsuka, Roni Roda, Ariel Bertasso, Marcos Vinícius Polegatto, Diego Vera Cleto Gomes, Marcelo Nascimento, Vinícius Castro, Francisco Marques e João Fábio Muniz, marcou um encontro para rever a professora Lucila Papacosta em frente ao colégio em uma tarde quente do dia 22 de outubro de 2016. Nós, do Notícias do Bem, participamos deste momento e percebemos que os ensinamentos de Lucila serviram para a vida inteira.
Poesia
João Fábio Muniz, um dos garotos da sétima série D, relembra com carinho as lições da professora Lucila. “Ela dava aula de português, mas nos fez melhores pra todas as matérias da vida! Ela incentivava a sala a escrever, e era comum ver os maiores valentões da sala perguntando a ela, professora flores rima com amores. Ela ganhou a nossa atenção e os nossos corações rebeldes com seu jeito único de ensinar”, conta.
Para Diego Vera Cleto Gomes, aquela foi uma época muito importante para vida de todos os garotos daquela sala. “Por estarmos entre garotos, vivíamos nossas emoções intensamente, nossa ligação era muito forte. Vivemos dores juntos como, separações dos pais, que não era comum na década de 90, mortes de pais de amigos, descobrimos sons novos, era tudo muito intenso que ficou marcado em nas nossas memórias”, diz.
Wesley Cesar Guimarães lembrou o quando a arte, a música, a poesia foi transformadora na vida dele e dos amigos da sétima D. “Essa mistura de diferentes garotos em uma única sala fez com que a gente se unisse, ensinando um ao outro”, relembra.
Um dos momentos mais marcantes de 1999 foi quando a professora entregou nas mãos do João Fábio vários textos feitos pelos alunos na sala para serem transformados numa canção para ser apresentada na Gincana da escola, onde cada um mostrava seu talento. No dia apresentação, todos se emocionaram ao verem um exército de garotos cantando sobre amor e pátria (veja a música no vídeo).
Lucila, emocionada, garante que foi muito bom este reencontro e foi tão intenso assim como o primeiro dia de aula com esses garotos. “Foi como visitar um pomar onde sementes foram plantadas e que hoje são árvores plenas de vitalidade, brisas suaves. Eles são encantadores mesmo. Este reencontro foi um verso importantes do meu poema/vida”.
Reportagem: Fernanda Peixe / Notícias do Bem
Foto: Ricardo Boni / Notícias do Bem
23/10/2016
23/10/2016 08:04