O Sesc São Paulo, em parceria com a Fundação Bienal de São Paulo, inaugura dias 26 de abril e 03 de maio de 2022, respectivamente, duas mostras itinerantes nas unidades de Campinas e de São José do Rio Preto. As exposições integram o programa de mostras itinerantes da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, que tem o objetivo de promover o deslocamento de recortes desse grande evento internacional paulistano para diversos territórios do Brasil e do exterior.

Nesta edição da Bienal, a concepção curatorial trouxe elementos – chamados “enunciados” – que não são obras de arte, mas que possuem histórias marcantes, capazes de sugerir leituras às obras dispostas ao seu redor. O título da mostra, “Faz escuro mas eu canto”, é um verso do poeta amazonense Thiago de Mello, publicado em 1965 que, além de complementar cada enunciado, reforça e reconhece a urgência dos problemas contemporâneos e apresenta a arte como um território de resistência.
A curadoria recorreu a esses elementos para alcançar uma linguagem capaz de delinear os campos de força criados pelo encontro de obras produzidas e, também, convidar os visitantes a pensarem a respeito desses temas que perpassam a colonização, o racismo e as questões indígenas. Em Campinas, por exemplo, o recorte itinerante é organizado pelo enunciado Cantos Tikmũ’ũn e conta com trabalhos dos artistas Abel Rodríguez, Adrián Balseca, Alice Shintani, E.B. Itso, Frida Orupabo, Gala Porras-Kim, Gustavo Caboco, Hanni Kamaly, Jaider Esbell, Sebastian Calfuqueo, Sung Tieu e Victor Anicet.
Os Tikmũ’ũn, também conhecidos como Maxakali, são um povo indígena originário de uma região localizada entre os atuais estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Após inúmeros episódios de violência e abusos, eles foram forçados a abandonar suas terras ancestrais. Seus cantos organizam a vida nas aldeias, representando os elementos do seu cotidiano: plantas, animais, lugares, objetos e saberes. A exposição concebida ao redor deste enunciado traz à tona o poder do canto, tanto no sentido literal quanto metafórico, e o exemplo dos Tikmũ’ũn como comunidade.
Já na unidade do Sesc São José do Rio Preto, onde serão exibidas obras dos artistas Claude Cahun, Daiara Tukano, Gala Porras-Kim, Haris Epaminonda, Jungjin Lee, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Marinella Senatore, Melvin Moti, Uýra e Victor Anicet, são apresentados dois enunciados: A imagem gravada de Coatlicue; e Hiroshima mon amour, de Alain Resnais.

crédito: Acervo Bienal – foto obra Melvin Moti
O primeiro enunciado se refere a estátua da deusa Caotlicue, que havia sido erguida na antiga capital asteca e que, em 1520, foi enterrada por hordas espanholas. A estátua foi descoberta e desenterrada em 1790, durante obras de construção de um canal de água, e havia uma ordem para que fosse levada para a Universidade Real como uma relíquia mesoamericana. Porém, as autoridades espanholas decidiram escondê-la novamente, agora sob o claustro da universidade, para que não fosse desencadeada uma revolução. Em 1804, o explorador alemão Alexander von Humboldt pediu para vê-la e desenhá-la, mas não completou a ilustração porque tornaram a enterrá-la. Humboldt, então, precisou usar a imaginação para terminar o desenho e, assim, inspirou este enunciado que é o poder da resistência da deusa da fertilidade.
O outro enunciado parte de Hiroshima mon amour, o clássico dirigido por Alain Resnais em 1959. Na sequência inicial do filme, a personagem Ela se refere ao que encontrou em Hiroshima quase quinze anos após o bombardeio que vitimou mais de 160 mil pessoas, mas poderia estar falando também dos campos de concentração nazistas, ou mesmo de museus de despojos da colonização.

crédito: Marcelo Camacho – foto de obra de Jaider Esbell
Além das mostras itinerantes da Bienal de São Paulo – que nesta edição acontecem em Campinas e São José do Rio Preto, circulando pelo público do interior do estado de São Paulo – desde 2010 o Sesc São Paulo desenvolve também ações educativas em parceria com a Fundação Bienal. Essas ações têm como foco os educadores e professores de arte e de outras disciplinas com interesse em ampliar a abordagem de suas aulas através da arte contemporânea, favorecendo o protagonismo dos educadores como agentes mediadores entre os estudantes e diferentes repertórios artísticos.
SERVIÇO
Itinerância 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto no Sesc
SESC CAMPINAS
Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim, Campinas
Cantos Tikmũ’ũn
Abertura: 26 de abril
Visitação até 31 de julho de 2022
Funcionamento: 3ª a 6ª das 9h às 21h | sábados, domingos e feriados das 10h às 18h
GRÁTIS

crédito Levi Fanan – foto obra Marinella Senatore
SESC SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Avenida Francisco das Chagas Oliveira, 1333 – Chácara Municipal, São José do Rio Preto
A imagem gravada de Coatlicue + Hiroshima mon amour de Alain Resnais
Abertura: 03 de maio
Visitação até 31 de julho de 2022
Funcionamento: 3ª a 6ª das 13h às 21h30 | sábados, domingos e feriados das 10h às 18h30
GRÁTIS
Texto: Assessoria Sesc / Divulgação
Foto Capa: Lisa Hermes
Fotos Internas: Acervo Bienal, Levi Fanan e Marcelo Camacho