A Consuelo é professora do 5º ano do ensino fundamental no Ciep Presidente Agostinho Neto, no Rio de Janeiro. Em 2020, quando a pandemia fechou as portas das escolas para 40 milhões de jovens da rede pública de ensino, a Consuelo perdeu a comunicação com mais da metade dos seus alunos.
Pesquisas, entrevistas e foco na dor do cliente
Conversando com cada família, ela entendeu que a principal dor dos seus clientes (no caso os alunos) era a falta de um equipamento adequado, disponível e com internet, uma vez que o que eles tinham, quando tinham, era o celular do pai ou da mãe, disponível só de noite quando voltavam do trabalho, com internet limitada e que dividiam com o irmão. Ou seja, enquanto meus sobrinhos utilizavam laptops e o wifi de casa pra estudar, os alunos da Consuelo e outros milhões de jovens brasileiros se encontravam à margem da educação e de uma sociedade cada vez mais digital, ampliando a lacuna social do país.
O MVP (Mínimo Produto Viável)
Ao invés de esperar uma solução cair do céu, a Consuelo arregaçou as mangas e colocou seu MVP de pé. Ela fez seu primeiro pitch (discurso de venda) para seu amigo, Jorge Fortes, que se tornou o primeiro “investidor anjo” e voluntário de sua jornada, viabilizando a compra de 16 tablets, com chips de internet. Os tablets foram distribuídos aos alunos, que imediatamente voltaram a assistir as vídeo aulas e a receber e devolver os exercícios. A ponte digital estava construída!
O Modelo de Negócio
Foi nessa época que eu fiquei sabendo do projeto pela minha amiga Ana Cecília, diretora do Instituto Apontar. Logo me encantei pela paixão e atitude da Consuelo e começamos a discutir como impactar o maior número de alunos possível.
Entendemos que assim como o Ifood conecta pessoas, entregadores e restaurantes, o nosso projeto conectaria alunos, professores e pessoas (físicas e jurídicas) que quisessem doar. Os valores doados seriam usados para comprar tablets e chips de internet, configurá-los, manter a internet mensal, distribuir os equipamentos aos alunos e fazer a gestão financeira e logística do projeto.
Aliás, todo o processo de configuração dos tablets e treinamento de alunos e professores vem sendo executado desde o início pelo INPAR – Instituto Presbiteriano Álvaro Reis.
Já a gestão financeira e logística do projeto é realizada pelo Instituto da Criança durante todo o projeto.
Perceba que identificamos os doadores também como clientes, e para eles estaríamos levando profissionalismo, transparência e confiança em suas jornadas de solidariedade.
Os Canais de distribuição
Entendemos ainda que, pra garantir a destinação correta dos tablets e o treinamento, tínhamos que controlar o relacionamento com as escolas atendidas. A Parceiros da Educação Rio e a Junior Achievement RJ, duas das mais respeitadas organizações sociais de educação do país, se tornaram responsáveis por essa função.
Já para arrecadar os fundos necessários, contaríamos com as redes de relacionamento de outras 2 ONGs, além daquelas já citadas: o Instituto Apontar e a Rede Cruzada.
Product Market Fit ou Adequação do Produto ao Mercado
Uma vez alinhadas as responsabilidades de cada organização, decidimos que era hora de testar o mercado. Novos “investidores anjos” investiram na compra de mais 81 tablets para assim completar todo o 5º ano da Agostinho Neto, testar o engajamento de alunos e professores, ampliar e comunicação e conquistar novos doadores.
Não foi fácil, mas funcionou: 12 meses se completam no dia 10 de junho de 2021 desde a primeira entrega dos 16 tablets. Neste período arrecadamos R$ 721 mil, adquirimos e estamos distribuindo 1.199 tablets por 6 escolas. Levamos educação e inclusão digital a 1.149 alunos e melhoramos as condições de ensino de 50 professores.
No exato dia em que escrevo este texto, recebemos o aporte de R$ 1,3 milhão, o que representará aproximadamente mais 1.800 alunos e professores impactados.
A Jornada Empreendedora
O inconformismo e a atitude da professora Consuelo, abraçados e suportados pela união dessas 6 organizações sociais e inúmeros voluntários e doadores, demonstram o poder transformador que temos como sociedade e dá luz ao espírito inovador e ao profissionalismo do terceiro setor brasileiro.
Somos como anjos de uma asa só. Só podemos voar quando abraçados uns aos outros.
“Para contribuir para o Educação +Digital e ajudar na doação de mais tablets com chips, basta acessar o site: http://edumaisdigital.institutodacrianca.org.br/“
Texto por:
Luiz Octavio Lima
Conselheiro e voluntário do Instituto da Criança
Sócio fundador do Colabora
www.redecolabora.com
Que bom ter contado com o seu apoio e incentivo desde o início do projeto.
Olá. Sou a Professora Magda e trabalho com a professora Consuelo no Ciep Pres. Agostinho Neto. Como ela sou incoformada que alunos não consigam estudar por falta de acesso à Internet e à tablet em pleno século XXI. Sabemos também que isso não é tudo, que a aprendizagem se dá também por outros meios. Mas no meio da pandemia era o que tínhamos e os alunos das escolas públicas ficaram à margem da sociedade. Parabéns a todos pela iniciativa. E apesar da Educacao Infantil trabalhar com interação , seria muito bem vindo tablets com Internet, pois faz falta nas aulas on line com as crianças. Eu, Magda, trabalho com.a Educação Infantil.