Memórias
Um reencontro, muitas saudades
“Ao passar pela velha porteira
Senti minha terra mais perto de mim
De emoção eu estava chorando
Porque minha angústia chegava ao fim
Eu confesso que era meu sonho
Rever a fazenda onde me criei
Não via chegar o momento de abraçar de novo
Meu querido povo que um dia eu deixei”
O trecho da canção “Velha Porteira”, eternizada nas vozes de Lourenço e Lourival, é um convite a mergulhar em lembranças para milhares de brasileiros que nasceram ou foram criados no campo e por força das circunstâncias tiveram de migrar para a cidade. Este é o caso do aposentado Maurilio de Boni, 68 anos.
Depois de muitos anos, ele teve a oportunidade de retornar ao sítio, onde foi criado até os 6 anos de idade, quando migrou com a família para Guaraci. O endereço mudou, da zona rural para a zona urbana, mas as memórias falam alto até hoje no coração dele.
Prova disso é que assim que pisou naquelas terras foi o mesmo que acionar o projeto de um filme em sua cabeça. “Retornar ao sítio foi emoção ímpar. Eu tinha esquecido, pois quando saí de lá eu tinha apenas 6 anos, e nessa idade não gravamos muita coisa, mas tenho recordações especiais. Lembro por exemplo da minha mãe indo recolher um tio nosso que bebia muito. Ela tinha medo que ele fosse pisoteado pelo gado e ia correndo na estrada buscá-lo”, conta.
Seu Maurilio recorda também um animal que viva rondando as criações do sítio. “Era um jacaré que sempre aparecia por lá e que acabava com as galinhas. Também lembro do meu pé de jabuticaba, das brincadeiras, tudo com muita saudade.”
A família de Boni viveu no sítio por cerca de meio século, desde os patriarcas, filhos e netos. “É um sentimento muito grande dentro do peito, apesar do lugar nã estar mais como era antes. Mas é algo muito especial, porque um pedaço da minha vida está enterrado ali.”, declara seu Maurilio.
Texto: Redação Notícias do Bem
Fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem
06/03/2018
06/03/2018 13:06