Nesta quinta-feira (8), entra no ar o 20º e último episódio da websérie documental “VINDO – O Que Será Que Está”, criação dos multiartistas Jef Telles e Tiago Mariusso com a participação de fazedores de cultura de Rio Preto, que refletem sobre a vida cotidiana e social a partir da própria produção artística durante o isolamento provocado pela pandemia da covid-19.
A exibição é gratuita, pelo canal Café Insônia no Youtube, com tradução em Libras. A websérie teve início em 4 de abril, com dois novos episódios a cada semana. Todos aqueles já lançados permanecem disponíveis no canal, sendo possível assistir à produção completa.
Cada parte da websérie tem duração média de 15 minutos e, na íntegra, a obra traz depoimentos de um total de 54 convidadas e convidados captados em maio de 2022. São profissionais do teatro, dança, artes visuais, audiovisual, música, literatura, hip hop, educação e outros segmentos, em conversas conduzidas pelo ator e diretor teatral Alexandre Manchini, a produtora e pesquisadora Carolina Capelli, o artista visual juny kp!, o crítico teatral Rodolfo Kfouri, a jornalista Vivian Lima e o próprio Telles.
Nesta parte final do trabalho, as discussões envolvem o tema “Ser virtual”, abarcando questões sobre o impacto da presença do meio digital no cotidiano e na arte. Nos capítulos anteriores, a websérie tratou de assuntos como fé, ser artista, formações, processo criativo, segundo ofício, audiovisual na pandemia e outros. Também foram lançados dois episódios dedicados exclusivamente ao pensamento dos pintores Orlando Fuzinelli e Profeta das Cores. O penúltimo episódio, estreado na terça, 6, teve como tema “Linguagens”.
Para Telles, que divide a coordenação e curadoria com Mariusso, a websérie se fez necessária após a fase de confinamento social diante da devastação sem precedentes provocada pelo período pandêmico. “Num momento em que ainda nos reerguíamos, a necessidade da reflexão sob o olhar sensível da arte se instaurou.”
Serviram de locação a Represa Municipal, considerada principal cartão-postal de Rio Preto; a Praça da Igreja São Benedito, na Vila Ercília, zona oeste, com seu aspecto bucólico e representativo do interior; e a Praça do Jardim Vivendas, região sul, área bastante arborizada que contrasta com a paisagem predominante na cidade. Esses espaços foram transformados em instalações urbanas, recebendo performances dos atores Ailton Rodrigo, Cassio Henrique e Ícaro Negroni durante as gravações.
Também compõem os episódios imagens de trabalhos recentes das pessoas participantes, a fim de afirmar, contradizer e criar novas camadas de leituras. “Acredito ser um material relevante, sobretudo no futuro, no qual temos um grande panorama da arte em Rio Preto nesse período triste da nossa história”, fala Telles. Ele acredita que, embora o universo digital tenha aberto caminhos e dado sobrevida a artistas durante a pandemia trouxe uma série de limites criativos e a escassez do afeto.
Já Mariusso reflete que o projeto usa o pretexto da arte para falar da vida e acrescenta que, apesar da cidade ser conhecida nacionalmente por abrigar um dos maiores festivais de teatro do país, o FIT Rio Preto (Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto), não é possível afirmar que seja um grande polo cultural. “Mesmo com mais de meio milhão de habitantes, o investimento em cultura é estritamente pequeno diante da quantidade de produtores do setor. Além disso, o município carece de centros culturais, escolas e atividades de formação artística.”
Também é possível acompanhar o Instagram @cafe_insonia, que é o perfil oficial de divulgação do projeto e é abastecido com conteúdo audiovisual inédito.
O projeto é viabilizado pelo ProAC Direto de 2021, edital 38, modalidade Audiovisual, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Fotos: Victo Natureza/Divulgação