Curso de Libras é oferecido gratuitamente em Rio Preto

UMA NOVA LÍNGUA

Curso de Libras é oferecido gratuitamente em Rio Preto

Natural do ser humano, o ato de se comunicar-se é uma ação instintiva, que ao longo do tempo foi facilitada pelas convenções sociais como a padronização da língua falada e escrita. Mas imagine você viver nesse nosso mundo, cheio de informações, pessoas se conversando por todos os lados, com muito barulho e ter como única referência auditiva o silêncio ou sons distantes e distorcidos. Pois é assim, que pouco mais de 5% da população brasileira percebe auditivamente o mundo, segundo dados do IBGE, que traz a quantidade de deficientes auditivos no Brasil.

Mesmo com a dificuldade de ouvir, a habilidade de comunicar-se, inerente do ser humano, permanece. Para ajudar na comunicação dos deficientes auditivos existe a Libras – Língua Brasileira dos Sinais, que cada vez mais vem sendo disseminada, não só entre grupos de pessoas que possuem deficiência auditiva, mas pelos seus familiares, a comunidade acadêmica e na sociedade de forma geral

Em São José do Rio Preto/SP, nesta segunda-feira (29/08), começaram as aulas do curso de Libras – nos níveis básico, intermediário e avançado – que estão sendo oferecidas, gratuitamente, pela Secretaria Municipal de Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoas com Deficiência, Raça e Etnia. Para o curso, foram ofertadas, ao todo, 120 vagas. A procura foi tanta que já tem até lista de espera. “Alguns alunos se inscreveram com o intuito de auxiliar os deficientes auditivos com quem eles convivem, outros por terem curiosidade de conhecer uma nova língua e porque o tradutor de libras se tornou uma profissão que vem sendo muito requisitada em diversas áreas”, comenta a professora de Libras que irá ministrar o curso Claudete Aparecida Bernardino Lima.

Como toda nova língua, é preciso dedicação para se tornar fluente. “O curso está dividido em três módulos, com 60 horas cada. Mais do que apenas fazer as aulas, é preciso que a pessoa treine e esteja sempre exercitando o que é ensinado”, conta Claudete.

Em Rio Preto ainda não existe uma escola bilíngue, em que a o Português e a Libras sejam usadas igualmente para ensinar efetivamente todos os alunos, mas alguns colégios oferecem interpretes para que o estudante surdo acompanhe igualmente as aulas. “A comunicação é natural de todos, por isso sempre digo que a dificuldade maior é nossa e não dos surdos de se comunicar. Muitos surdos aprendem a linguagem dos sinais por meio da convivência e de encontros com outros deficientes auditivos”, revela.

As aulas de Libras estão sendo ministrados, no período da tarde, na sede da Secretaria de Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoas com Deficiência, Raça e Etnia, localizada na rua Eduardo Nielsen, nº 420, no Jardim Congonhas.  O curso é voltado para surdos, familiares e comunidade em geral.

Para saber mais sobre questões relacionadas à acessibilidade em São José do Rio Preto/SP, entre em contato pelos telefones (17) 222-2041 / 3234-3283, no Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Se você não é de Rio Preto, procure a Prefeitura da sua cidade e verifique as ações que são realizadas no seu município, busque na sua região caminhos de inclusão. “Acredito que a dificuldade maior de comunicação é nossa e não do surdo de se comunicar. Mas do que ter interpretes, a inclusão real seria se que todos nós tivéssemos o interesse em aprender como se comunicarmos de outras maneiras, como na língua de sinais”, finaliza Claudete.

Saiba mais:

– Existem mais de 9 milhões de brasileiros com deficiência auditiva no Brasil, de acordo com o IBGE.

– O termo surdo-mudo é usado de forma errada, uma vez que a maioria das pessoas que são surdas, não são mudas. Por não terem referência de som, o deficiente auditivo pode ter dificuldade no desenvolvimento da fala. Muitos conseguem aprender a falar por meio das vibrações vocais e a entender o que é falado pela leitura labial.

– No Brasil, a Libras é a Língua Brasileira de Sinais, e como em qualquer língua falada ou escrita cada país tem a sua própria língua gestual.

– O Brasil não possui uma universidade especifica para o ensino de deficientes auditivos, mas no Rio DE Janeiro, o Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES) atende em torno de 600 alunos, da Educação Infantil até o Ensino Médio. O INES, o antigo Collégio Nacional para Surdos, foi a primeira escola para surdos no Brasil, fundada em 1857.

– A Universidade Gallaudet, localizada em Washington, capital dos Estados Unidos, é a única do mundo cujo ensino é voltado especialmente para pessoas com deficiências auditivas. Anualmente, a universidade atende mais de 1 mil alunos de graduação e cerca de 500 estudantes de pós-graduação.

– Como o português, a legislação brasileira também reconhece a LIBRAS como língua oficial do país (Lei 10.436/2002).

– Quem sabe português e Libras é considerado bilíngue.

– É direito dos deficientes auditivos receberem atendimento prioritário em Libras em órgãos público, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras.

– Na língua de sinais, cada pessoa recebe uma espécie de “apelido” com um sinal correspondente, para que não seja sempre necessário soletrar o nome pelo alfabeto manual. Por isso, não estranhe se você for “batizado” com alguma expressão na língua gestual. Normalmente o “nome” na língua de sinais é indicado por alguma característica física, expressão ou jeito de ser da pessoa que é batizada.

– É dever do Poder Público garantir acesso e educação para surdos nas escolas regulares de ensino, garantindo seu aprendizado e progressão educacional.

Reportagem: Thais Alves / Notícias do Bem

Fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem

29/08/2016

28/08/2016 20:14

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