A história de Dorivan, Guilherme e o poder da união

DESAFIOS E VITÓRIAS

A história de Dorivan, Guilherme e o poder da união

GuilhermeO cenário é um cantinho do bairro Boa Vista, em Rio Preto. Vila Esplanada, pertinho da linha férrea. Pai e filho seguem para mais um dia de trabalho. O olhar é afetuoso e recíproco. O cuidado, evidente. Esta é uma rotina que se inicia todos os dias às 8 horas e só termina 40 minutos depois, quando chegam ao Automóvel Clube. É ali que Dorivan Oliveira da Silva, 29 anos, o Vanzin, integrante da equipe de natação do Clube Amigos Dos Deficientes (CAD), treina por duas horas ininterruptas. Algo que seria quase impossível sem o apoio do filho, Guilherme, de 11 anos.

GuilhermeÉ o menino quem empurra a cadeira de rodas do pai, desde a saída de casa até o clube. “Ele é as minhas pernas”, resume Dorivan. Juntos, vencem as adversidades pelo caminho e a impaciência dos motoristas no trânsito, numa verdadeira prova de obstáculos. Por vezes, o filho mais velho, Roger, de 14 anos, reveza com o Guilherme a responsabilidade de conduzir o pai até o local do treinamento.

Dorivan não tem dúvidas em dizer que o apoio familiar é fundamental para que todo dia seja um dia de vitórias e com motivos de sobra para agradecer. “Esse apoio da família é o que faz toda a diferença. Eu digo que o esporte mudou a minha vida, mas não fosse a minha mulher e meus filhos ali presentes e dando aquela força, não teria conquistado nada”, afirma o paratleta. 

Dorivan ficou paraplégico em um acidente de trabalho. Eletricista, caiu da escada quando trocava o transformador de um poste de iluminação pública. O recomeço foi difícil, uma luta contra a correnteza. Tinha apenas 21 anos, mas já estava casado e com os dois filhos ainda pequenos.

Dorivan“Tinha planos. Ajudava meu pai no sítio. Mexia com trator, lidava com gado e de repente tudo mudou. Enfrentei aquela fase da negação. Quando fiz fisioterapia na AACD de Rio Preto achei que ia sair de lá andando, mas claro que as coisas não assim. Tudo mudou mesmo quando conheci o CAD e entrei pra equipe de natação”, relembra.

Na fala de Dorivan, hoje, não há espaço algum para lamento. Apenas para comemoração e motivação para atingir suas metas. Hoje ele é o segundo melhor paratleta no ranking nacional da sua modalidade, perdendo apenas para o supercampeão Daniel Dias.  “Já consegui baixar todas as minhas marcas – nos 200 m, 100 m, 50 m livres e 50 m costas –  e espero manter o ritmo até o final do ano, porque a Caixa Federal garante bolsa apenas para os três melhores ranqueados”, explica Dorivan, que recentemente ajudou a equipe do CAD a conquistar mais de 40 medalhas nos Jogos Regionais de Andradina e se prepara, agora, para os Jogos Abertos e para mais duas etapas do campeonato nacional.

GuilhermeEle vai em frente como quem sabe que chegar ao alto do pódio nos esportes é muito bom, mas que melhor ainda é ter ao lado a força de um filho orgulhoso das conquistas do pai. E que dá a ele todo apoio de que necessita. “Meu pai é o meu herói”, sintetiza Guilherme, com o brilho no olhar maior que todas as medalhas penduradas na parede. 

texto: Marival Correa / Notícias do Bem
fotos: Ricardo Boni / Notícas do Bem

15/08/2017

15/08/2017 11:41

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