AMOR DE MÃE
Rafa, com seu sorriso encantador, mostra para uma família inteira que viver vale muito a pena
“Desde que me entendia por gente, em vez de médica, advogada ou atriz eu comentava sempre que queria ser mãe”. Assim começa a história de Stela Seregni, empresária de São José do Rio Preto/SP. Mãe de Rafael, de dois anos, ela se viu diante de um impasse quando, com 18 semanas de gestação, o bebê foi diagnosticado como mielomeningocele, uma má-formação congênita da coluna vertebral. Stela optou por levar a gestação adiante e, depois de fazer uma intensa pesquisa, encontrou uma luz no fim do túnel: descobriu um médico em São Paulo que realizava cirurgia de correção da mielomeningocele com o bebê ainda na barriga. Ao lado do marido, Bruno Rafael Conceição, partiu para a capital paulista para receber mais uma notícia do Dr. Dr. Moron. O pequeno Rafael tinha uma cifose na coluna, que é uma contraindicação cirúrgica, e hidrocefalia, o que tornava as chances de sobrevivência muito pequenas. “Voltamos para Rio Preto e nossa vida virou uma verdadeira maratona médica em consultórios de neurocirurgiões, ortopedistas, urologistas, cirurgiões pediátricos. Alguns médicos eram bem didáticos, carinhosos e pacientes. Outros bem cruéis”, conta.
Stela não fez ensaio de gestante, não comprou mais roupinhas para o Rafael. O chá de bebê foi organizado pela família. “Foi um dos poucos momentos em que me senti uma grávida comum”, revela. No entanto, com 37 semanas de gestação e após uma consulta de rotina, foi recomendado que Stela se submetesse a uma cesariana o quanto antes. Às 18h40 do dia 28 de Janeiro de 2014 nasceu, então, Rafael. Segundo Stela, “Lindo, cabeludo, chorando, e sem nenhuma grande deformidade”. Os pés tortos e a coluna exposta foram corrigidos rapidamente, mas a família ainda enfrentaria uma grande batalha: após um mês na UTI, o bebê recebeu alta, mas logo precisou retornar ao hospital, graças a uma ventriculite (meningite no cérebro e na válvula ). Passou por 12 cirurgias, entrou em coma, teve coágulo no cérebro, pneumonia, rim paralisado, septicemia e ficou sozinho por mais três meses na UTI. “Minha vida ficou emstand by, me lembro de tudo dentro do hospital, das pessoas incríveis que cuidaram dele e de mim, mas do lado de fora eu não me lembro de quase nada e nem ninguém. Aqui fora a solidão era gritante”, comenta. O que se seguiu depois, para Stela, foram momentos incríveis de coragem e superação. Pequenas lutas e grandes vitórias.
“Disseram que ele não iria sorrir ou ter expressões faciais e que não teria entendimento das coisas. O Rafael, hoje, é a personificação da felicidade, só sorri, tem a expressão mais danada que conheço, manipula a todos com seu olharzinho e seu sorriso”, reflete Stela, que atualmente sente-se capaz para enfrentar qualquer problema e entende que evoluiu muito com tantos acontecimentos. A cada dia, Rafael vem superando até as expectativas dos mais pessimistas. A mãe entende que a fase de aprendizado ainda não terminou, já que ainda existem muitos desafios a serem superados. No entanto, não perde a esperança de que o pequeno Rafael receba da sociedade um tratamento digno como merece. “Passamos por preconceito, frases mal ditas que doem, situações difíceis, superações que são conquistas, mas que deixam marcas profundas e eternas. Ao mesmo tempo, vejo pessoas com a vida tão simples e problemas tão comuns que são infelizes e insatisfeitas. Por isso, não consigo mais reclamar. O Rafa não é doente, também não quero que seja anjo ou exemplo de ninguém. Quero que seja feliz, livre, respeitado. Que seja uma pessoa, uma criança com espaço para errar e aceitar, ter qualidades e defeitos. Os anjos, milagres e inspirações não tem espaço pra isso”, finaliza. E nós, aqui do Notícias do Bem, ficamos com esses aprendizado desta linda história de amor de mãe, de superação, de coragem. Que o sorriso desta “fofura” do Rafael possa motivar sonhos e vidas.
Texto: Vania Nocchi / Notícias do Bem
Fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem
28/03/2016
28/03/2016 10:20