André Abujamra fala sobre carreira plural

Brincalhão e versátil, o multi-instrumentalista, compositor, cantor e ator André Abujamra, 57 anos, integrou o corpo de jurados da 15ª edição do Festival Nacional de MPB – FEM, entre os dias 25 e 27 de outubro. Durante o período, o artista esteve na Rádio Educativa FM, onde concedeu entrevista sobre carreira, projetos, vida pessoal e política.

Com mais de 40 anos de carreira e 70 participações no cinema, entre trilhas e atuações, além de robusta carreira na música e teatro, sua primeira expressão de menino foi pela música. “Tenho mais de 50 anos de carreira, pois comecei a dedilhar o piano da minha madrinha com dois anos e para mim não existe amadorismo. Eu não falava. Só depois da escolinha de música, com três anos, comecei a falar. Minha expressão é a música. Meu nome no candomblé significa um barulho. Escuto melhor com meus olhos e vejo melhor com meus ouvidos, olha que bonito isso”, diz.

André Abujamra durante entrevista na rádio Educativa. Foto: Fabricio Spatti / Pref. Rio Preto

Filho do inesquecível ator e diretor Antônio Abujamra, herdou o humor ácido e o tom provocador do pai. André exaltou a diversidade das composições apresentadas no FEM, principalmente as músicas que trazem a temática das religiões de matriz africana, sem deixar de lado a criticidade em relação aos concorrentes.

Carreira

Após voltar de um ano de intercâmbio nos Estados Unidos, com 17 anos, entrou de cabeça no universo artístico, atuando e compondo trilhas. “Aí, estava em um curso de percussão africana e conheci o Maurício Pereira.” Nascia então Os Mulheres Negras, dupla conhecida no cenário alternativo paulistano com som pop, construído com equipamentos eletrônicos e pegada irreverente.  

Outra banda de André, a Karnak (nome do maior templo do Egito) comemora três décadas este ano, com direito a show em novembro, em São Paulo. “A banda chegou a ter 20 homens, bailarina e até um cachorro, o Geton. Era demais, cara. O Geton foi o único cão a pegar o bondinho no Rio de Janeiro, pois iríamos fazer show no Morro da Urca e falei que cancelaríamos caso não deixassem o Geton subir”, lembra, aos risos.

André Abujamra – show Sesc Rio Preto.
Foto Ricardo Boni 26/11/2021

Recentemente, o artista dedica-se à gravação e divulgação de seu mais novo – mas nem tão novo – projeto, e integra elenco de um longa a ser lançado em breve. ‘Estava em frente ao mar, de madrugadinha, ouvindo o barulho e pensei: ‘que orquestra linda’. Naquele momento, tive a ideia de fazer um disco sobre a água, viajar o mundo inteiro e cantar em todas as línguas.” Todas as línguas era pretensão demais, mas o músico esteve no Japão, na Grécia, tocou com a Orquestra de Praga e com o Coro Vocal Feminino da Televisão Estatal Búlgara, conhecido como O Mistério das Vozes Búlgaras. O resultado, o álbum Omindá, é uma ode às águas. “Torrei todo o dinheiro que tinha conseguido com trilha sonora neste disco. Foi ótimo, adoro viajar e conhecer pessoas.”

O conceito estendeu-se aos outros elementos. “No disco do fogo, fiz tudo sozinho, pois não tinha mais dinheiro.” O resultado, Emidoiña, teve indicação ao Grammy Latino, em 2019. “Parece que fiz durante a pandemia, mas foi antes. Meus amigos começaram a me chamar de Abustradamus, uma referência ao Nostradamus.” Atualmente, o músico dedica-se ao álbum sobre o ar, ‘um disco mais leve, alegre”. “Espero que continue com a premonição e que venham tempos melhores por aí.”

Texto: Bianca Zaniratto / Secretaria de Comunicação / Divulgação
Fotos capa e interna: Fabricio Spatti / Secretaria de Comunicação / Divulgação
Ricardo Boni / Notícias do Bem (foto show no Sesc Rio Preto)

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