Artigo retrata a importância de aprender a ressignificar a nossa forma de ver a vida

FOTOGRAFIAS E CHOCOLATES

Artigo retrata a importância de aprender a ressignificar a nossa forma de ver a vida

Lembro-me de quando era criança e me perguntava se todo mundo via as mesmas cores que eu via. Não entendia bem como as pessoas poderiam ter certeza de que todos viam o mundo da mesma forma. Esta pergunta também acontecia sobre os outros sentidos. Todo mundo ouve a mesma coisa? Sente o mesmo gosto ao comer chocolate?

Se todo mundo sente o mesmo gosto ao comer o mesmo chocolate, por que alguns amam, outros apenas gostam e outros odeiam? Se prestarmos atenção vamos descobrir que quando comemos chocolate sentimos muito mais do que os estímulos do nosso paladar, vivenciamos experiências e abstrações que surgem a partir destes estímulos. É como se essas memórias psíquicas estivessem desligadas e, para ativá-las precisássemos de um estímulo, neste caso, o chocolate.

É que no fundo, bem no fundo, não estamos comendo chocolate. Estamos usando o chocolate para ativar nossas memórias e consequentemente desencadeamos uma carga hormonal que estimula nossos sentimentos. Se gostamos do sentimento, gostamos do chocolate, caso contrário ele se torna um vilão.

O mais interessante é que isso não se resume ao chocolate. A nossa forma de ver a vida é desencadeada dessa maneira. Não percebemos que não vemos as coisas como elas realmente são, mas sim como as abstraímos, damos formas e solidez a elas. As fotografias são ótimas para percebermos isso.

Vemos a foto de um amigo no Facebook em nosso celular e não percebemos que aquilo é apenas luz em uma tela. Imediatamente vem à nossa mente lembranças de bons momentos vividos juntos, saudosismo, nostalgia e coisas do tipo. Aspiramos nos reencontrar e, em muitos casos, tomamos atitudes neste sentido. Mandamos mensagens, marcamos um café e nos vemos. Tudo isso se tornou realidade a partir de um impulso da nossa mente estimulado por luz em uma tela. Nós já estávamos propensos a sentir a saudade e nostalgia, precisávamos apenas de uma condição para que aquilo fosse ativado.

Isso é o que chamamos de hábito. O hábito nada mais é do que configurações internas da nossa mente de perceber, interpretar e até agir da mesma maneira para situações e fatos percebidos como semelhantes. Criamos um grande arquivo mental padronizando a nossa forma de ver a vida, associando modelos de fatos externos à modelos de interpretações internos. Quando o fato acontece, por hábito, em nossa mente surge a nossa forma de ver, pensar e agir em relação ao fato. Portanto, não vivenciamos em si os fatos, mas nossa forma de interpretá-los.

A qualidade da nossa vida reflete a qualidade dos nossos hábitos. Se queremos realmente ser felizes, precisamos desenvolver nossa capacidade de não culpar os fatos pelos nossos hábitos, nossos condicionamentos mentais, nossa forma distorcida de ver o mundo. Os fatos são apenas fatos, somos nós quem atribuímos valores a eles.

Quando aprendemos a ressignificar a nossa forma de ver a vida experimentamos a liberdade de escolha independentemente do fato que ocorra. Observamos nossos hábitos surgindo a partir do fato, analisamos e escolhemos se devemos seguir esta forma de ver, pensar e agir sobre o fato ou se daremos novo significado em nossa mente. Não precisamos mais mudar o mundo ao nosso redor para mudar a nossa mente. Fazemos o contrário, mudamos nossa mente e, consequentemente, o mundo todo a nossa volta também muda.

Se escolhemos ver, pensar e agir com o mundo a partir da alegria, o mundo se torna mais alegre, as pessoas começam a se relacionar conosco com mais alegria e quando estamos presentes o ambiente ao nosso redor se torna mais alegre. Com o amor, compaixão, paz, equanimidade ocorre o mesmo.

O mundo em que habitamos é um espelho de nós mesmos. É criado a nossa imagem e semelhança. É indivisível da nossa própria natureza. Se não lhe agrada, ressignifique-o. Você é livre para isso.

Samilo

Texto escrito por Samilo Lopes

02/03/2017

01/03/2017 09:37

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