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Como diagnosticar o Transtorno de Déficit de Atenção
A falta de informação tem sido o maior obstáculo para o diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A ausência de dados cientificamente consolidados com comprovação isenta de interesses ideológicos no setor público e na mídia tem gerado informações claudicantes e preconceituosas. Estes pacientes existem e não estão sendo identificados e corretamente tratados.
Assim, saber como suspeitar e firmar o real diagnostico é fundamental e essencial para condução segura e eficaz do jovem portador. Sem ainda ter um marcador sanguíneo ou de imagem, o TDAH deve ser diagnosticado sempre de forma multidisciplinar e multidirecionada. Conhecer profundamente o transtorno e como ele se instala no desenvolvimento da criança auxilia muito na suspeita.
A presença de história familiar, histórico de prematuridade e de drogas na gestação é muito comum. Dificuldades para dormir e de ter sono regular, problemas alimentares (cólicas, impaciência para mamar/comer) e prejuízos de interação social com seus pares, inclusive com os pais, podem surgir logo nos primeiros 4 anos de vida. Noventa e cinco por cento dos portadores começa a desenvolver o transtorno antes dos 16 anos e 65% antes dos 12 anos. É um distúrbio que começa na infância e se prolonga para a fase adulta em 50% dos casos.
Como a estratégia diagnostica deve ser multidisciplinar, temos três formas simultâneas de fazê-lo: 1) perceber o prejuízo da criança na interação com a família e com a escola, tanto para aprender/render nas atividades de rotina quanto no comportamento social e auto engajamento para situações que exigem esforço mental prolongado, 2) observar a persistência atencional, coordenação motora e espacial e memorização de atividades sequenciais/regras durante as tarefas do cotidiano (e estes sinais ficam mais claros na fase escola), 3) ficar de olho em problemas de aprendizagem na leitura e na escrita que não se resolvem facilmente e ficam crônicos até o ensino médio, 4) em 75% dos casos, verificar a presença de hiperatividade e impulsividade.
Nesta esteira, alguns mitos devem ser abandonados, especialmente em relação a dita “não existência” do TDAH. Portanto, é fundamental saber: 1) nem todo hiperativo é TDAH e nem todo TDAH é hiperativo, 2) adultos podem ter TDAH também, 3) o TDAH leva a problemas tanto dentro quanto fora da escola e, se não tratados a tempo, aumentam riscos de reprovação, evasão escolar, delinquência, envolvimento com drogas, acidentes, problemas com a Justiça, depressão, suicídio, fracasso familiar, etc. A medicação, em associação com psicoterapia e suporte psicopedagógico e fonoaudiólogo reduz substancialmente todos estes riscos sendo também estratégia segura e eficaz.
(*) Um dos idealizadores da Neuro Saber, Dr. Clay Brites é pesquisador e doutorando do Laboratório de Dificuldades e Distúrbios da Aprendizagem e Transtornos de Atenção (Disapre), da UNICAMP. Além disso, é professor do curso de pós-graduação de Neuropsicologia Aplicada à Neurologia Infantil na Unicamp e membro do Departamento de Neurologia da Sociedade Paranaense de Pediatria.
23/03/2016
23/03/2016 08:32