Documentário que resgata a trajetória de Villa-Lobos em Paris faz estreia em rede nacional

‘Villa-Lobos em Paris’ retrata período em que compositor brasileiro foi a capital francesa após a Semana de Arte Moderna


Depois da pré-estreia mundial no In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, o documentário Villa-Lobos em Paris faz sua estreia em rede nacional nesta quarta-feira (1), às 18h, no canal Arte1.

O filme é dirigido por Marcelo Machado, com roteiro, concepção e pesquisa de Alexandre Guerra, e traz um recorte parisiense ao resgatar a trajetória do maestro, compositor, violoncelista e pianista Heitor Villa-Lobos (1887-1959), a maior referência da música clássica brasileira do século XX, que deixou cerca de 2 mil obras como legado.

O documentário é co-produzido pela Marahu Filmes e a Input, e será reprisado quatro vezes na programação do canal Arte 1: dias 04/05 às 22h, 05/05 às 07h, 06/05 às 19h00 e 07/05 às 13h. Além da pré-estreia no In-Edit, o filme teve duas exibições gratuitas abertas ao público no Centro Cultural São Paulo e na Cinemateca Brasileira em junho de 2023.

O Arte1 é um canal de televisão por assinatura que aborda a arte em todas as suas manifestações e linguagens. Com uma curadoria que abrange filmes, séries, documentários internacionais e nacionais, e programas especiais produzidos especialmente pelo canal, o público pode conferir a programação no site Arte1 Play.

Villa-Lobos na Semana de Arte Moderna de 22
Apesar da boa reputação nos meios artísticos e culturais no cenário brasileiro do início dos anos 1920, Villa-Lobos ainda era alvo de críticos ferrenhos. Tanto que na Semana de Arte Moderna de 1922, em que era o único representante da música, ele foi alvo das maiores vaias do evento. Instigado por figuras como o pianista polonês Arthur Rubinstein e o mecenas Carlos Guinle, que acreditavam que a consagração só chegaria se editasse suas obras em Paris, o “umbigo do mundo” à época, Villa-Lobos partiu para a capital francesa em 1923, iniciando uma experiência única e decisiva em sua carreira.

O documentário percorre lugares por onde o músico brasileiro passou, trazendo à tona memórias de encontros com nomes como Jean Cocteau, Andres Segovia, Arthur Rubinstein, entre outros. O filme revela como essa experiência foi importante para o brasileiro se confrontar com sua identidade, passando a buscar em suas raízes novos rumos para sua obra.

“Uma das motivações para fazer este filme é uma questão que eu particularmente acho que os heróis brasileiros são muito negligenciados e mal tratados e não são colocados à altura que merecem, como Santos Dumont e o próprio Villa-Lobos”, afirma Alexandre Guerra. “O tempo ajuda a colocar poeira na memória dessas pessoas e precisamos tirar esse pó e trazê-los vivos”.

Alexandre desenvolve essa pesquisa há alguns anos, chegou a entrevistar Vasco Mariz, autor de “Villa-Lobos: o homem e a obra”, há cerca de seis anos atrás, quando o biógrafo completaria 93 anos. “Paris é essencial na vida e na obra de Villa-Lobos”. “E ele foi para lá justamente nos anos 20, nos chamados anos loucos, quando tudo aconteceu na cidade, tinha Hemingway, Fitzgerald, grandes artistas do mundo inteiro estavam lá nesse período”. O pesquisador visitou Paris e esteve nos locais onde o compositor viveu, visitou e as salas de concerto onde tocou.

“Quando o Alexandre Guerra me convidou para dirigir o documentário, eu já vinha lendo, ouvindo e pensando no Villa como tema. Aceitei de imediato e propus que ele fosse o narrador, afinal havia concebido e pesquisado a história. Passamos a trabalhar o roteiro a quatro mãos com apoio da Camila Fresca que também vinha pesquisando para uma possível biografia. É interessante pensar agora em como as coisas foram se encaixando naturalmente, pois o planejamento da produção pela Marahu/Input seguiu precisamente esse roteiro. O maior desafio era dar vida ao exíguo material de arquivo que tínhamos, sendo que não havia nenhuma cena filmada e pouquíssimos registros da passagem do Villa por Paris nos anos 20”, conta Marcelo.

“O Alexandre já havia feito uma viagem de pesquisa para Paris e tinha a maior parte das locações marcadas. Eu trouxe o Rinaldo Martinucci (fotógrafo) com quem já vinha trabalhando e o Rodrigo Leão (diretor de arte) que propôs o dispositivo dos ‘top-views’, além de outras estratégias como os adesivos e o flyer. Ficamos vendo juntos os filmes do Wes Anderson como referência. Eles tinham um belo equilíbrio entre o clima retrô e a nossa vontade de trazer a música para os tempos atuais”, conta o diretor.

Serviço
Villa-Lobos em Paris, de Alexandre Guerra e Marcelo Machado
Exibição nacional no canal Arte1
Dia: 1/05 às 18h

Reprises
4/5 às 22h
5/5 às 07h
6/5 às 19h
7/5 às 13h

Foto: Thiago Pelaes

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