O cenário cultural de São José do Rio Preto está triste nesta quarta-feira (24) nublada. O fotógrafo Jorge Etecheber morreu, no final da manhã, aos 56 anos, no Hospital de Base, onde estava internado havia uma semana. Ele lutou contra o câncer por meses, mantendo-se atuante apesar das dores e percalços do tratamento.
Com mais de 30 anos de carreira na arte fotográfica, Etecheber é uma das figuras importantes da história da fotografia em Rio Preto. Entre os anos 1980 e 1990, época da fotografia analógica, dos rolos de filmes e da câmera escura de revelação, ele trabalhou intensamente no ramo publicitário. Mas foi registrando os acontecimentos e personagens da cena cultural da cidade que conquistou reconhecimento de artistas e coletivos de todo o País.
Foram décadas registrando espetáculos teatrais, shows, exposições e outras manifestações artísticas que movimentaram Rio Preto e fizeram da cidade um importante polo de cultura. Parte desse rico acervo de imagens foi reverenciado na última edição do Festival Internacional de Teatro, o FIT Rio Preto, no ano passado, evento que Etecheber sempre fez questão de registrar desde sua primeira edição.
Nas últimas décadas, explorou o lado artístico do registro da imagem, desenvolvendo inúmeros projetos solos e em parceria com outros coletivos locais, além de manter um espaço cultural em seu estúdio no bairro Santa Cruz.
No ano passado, enquanto lutava contra o câncer, Etecheber se mantinha atuante como podia, registrando apresentações do FIT Rio Preto, realizando mais um projeto em que evidenciava o poder documental da imagem e até sendo homenageado na primeira edição da Temporada de Fotografia, realizada no Riopreto Shopping. Seu último projeto foi a exposição “3 Instantes de Rio Preto”, realizada no Espaço Cultural Edson Baffi, no Mercado Municipal. Este espaço cultural é uma homenagem ao fotógrafo Edson Baffi, que também morreu em decorrência de um câncer em 2011.
Para muitos fotógrafos das recentes gerações, Etecheber era tido como um mestre que compartilhava seus conhecimentos e inspirava o ofício da fotografia. Uma de suas maiores paixões era ensinar, falar e estudar as técnicas e possibilidades da fotografia. “Jorge é meu pai na fotografia. Ele me ensinou tudo que sei hoje. Ele é padrinho do meu filho mais velho, Léo, de 17 anos. Ele é meu amigo, meu professor, meu pai. Umas das pessoas mais importantes na minha vida. Ele está eternizado na minha memória e nas minhas fotos eternamente”, diz o fotógrafo Ricardo Boni.
Além de inúmeras amigas e amigos, Etecheber deixa dois filhos, Ana Clara e Frederico, com quem teve com Tânia, sua ex-mulher, que lhe deu assistência e foi uma grande companheira durante todo o período de luta contra o câncer.
O sepultamento será realizado nesta quinta-feira (25), às 16h, no cemitério da Vila Ercília. Seu corpo está sendo velado na Capela Prever.
Foto: Ricardo Boni. Ilustração: Orlandeli