Desde muito antes do ato “Independência ou Morte” o brasileiro é constantemente formado e influenciado pela cultura ao redor. Os índios foram os primeiros a manifestar suas crenças e costumes no país, por se tratarem de grupos nativos que existiam antes mesmo das Grandes Navegações.
Depois da colonização, teve a mistura da influência dos portugueses na religião e do conhecimento dos índios sobre a natureza, que ficou popularmente conhecido como “Cultura Caipira”, hoje associada às pessoas que vivem nas áreas rurais. Além do acréscimo da rica cultura africana, que chegou ao Brasil junto aos povos escravizados da África.
E com o intuito de mostrar esta vasta diversidade cultural brasileira, o Sesi São José do Rio Preto trouxe para o Espaço Galeria a exposição “Criar, Fazer e Viver”, em cartaz no formato presencial até o dia 16 de outubro, com entrada gratuita.
“Desenvolver uma curadoria que tem como tema a cultura popular e tradicional brasileira é um desafio, porque é preciso fazer uma seleção num universo que possui uma imensa diversidade de expressões. Portanto, minha intenção e desafio foram escolher peças representativas dessa pluralidade”, diz a curadora da mostra Vera Cardim.
São 53 obras de arte indígena, peças da cultura caipira e cabocla, e de tradições de matrizes africanas, que representa a cultura popular e homenageia o grande repertório tradicional das regiões brasileiras e dando oportunidade de ampliar o acesso ao público.
“O título da mostra é uma referência direta ao artigo 216 da nossa Constituição Federal que define o dever de proteção aos bens de natureza material e imaterial que são portadores de identidade, ação, memória dos diferentes grupos que formam a sociedade brasileira. O preconceito, a intolerância, de modo geral, são frutos do desconhecimento, da disposição de aprender com o outro que é diferente de mim. Posturas assim, em muitas situações nos impedem, inclusive, de revermos e conhecermos nossas próprias raízes. Falar em população brasileira, só faz sentido quando reconhecemos que ela por si não é homogênea nos seus traços culturais. Um bom caminho para diminuir a intolerância é provocar sensorialmente a curiosidade, a vontade de conhecer”, complementa Cardim.
A exposição faz um micro panorama das nossas culturas tradicionais, como por exemplo, obras da arte indígena de grupos do norte do Pará e do Amapá, Wajãpi, Tiriyó, Aparaí, Wayama, Palikur e Galibi Marworno, em especial três bonecas Karajá da região do Araguaia, no estado do Mato Grosso, coletadas na década de 1960, pelo pesquisador e escritor José Mauro de Vasconcelos.
Quando questionada sobre a peça que chama mais a sua atenção, a curadora diz que cada peça selecionada é especial exatamente pelo processo desencadeado para sua escolha, cada peça tem razões específicas para chamar mais atenção.
“O risco ao falar daquelas que mais me chamam atenção é terminar falando de todas, mas vamos a uma seleção dentro da seleção. Dos povos originais, chamo a atenção para a Roda de Teto (Maruana), produzida especialmente por Jaké Aparai – do povo Aparai do estado do Pará – para o Museu das Culturas Brasileiras. Essa peça é colocada no teto da casa comunitária chamada Tukuxipam, espaço localizado no centro das aldeias onde os visitantes são acolhidos, são realizadas festas e reuniões. Posso destacar as obras de Mestre Vitalino, Mestra Irinéia ou Mestre Dito, que artisticamente falam por si”, finaliza Vera.
Devido à pandemia, a visitação tem que ser agendada pelo sistema Meu Sesi (sesisp.org.br/eventos).
Tour Virtual
O Sesi São José do Rio Preto oferece para a população a opção de visitas virtuais, realizadas pelo aplicativo Google Meets ou Zoom, de terça a sexta, das 9h às 11h e das 14h às 17h, exceto feriados.
Os interessados também podem realizar agendamentos com visitas sob mediação de uma educadora pelo e-mail [email protected], ou pelo telefone 17-3221.8625.
A mostra “Criar, Fazer e Viver” está funcionando de terça a sexta, das 11h às 15h e das 17h às 20h e aos sábados, das 9h às 20h, exceto feriados. O Sesi São José do Rio Preto afirma está seguindo todas as medidas de prevenção e controle da pandemia COVID-19 de acordo com o Decreto Municipal, com a capacidade atual de público de 35 pessoas e o período máximo de visitação de 55 minutos, quando presencialmente.
Texto: João Vitor Boni / Notícias do Bem
Fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem