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Soul man Di Melo faz show na Casa das Janelas neste sábado
Uma das aplicações possíveis do verbo distar é referir-se a alguém que diferencia-se ou diverge. Definição que cai como uma luva quando se fala de Di Melo, o cara que destaca-se pela potência do seu groove e energia antimonotonia. “Distando Estava” é um dos sucessos de “Imorrível”, mais recente disco que o cultuado frontman pernambucano traz em forma de show a Rio Preto. É neste sábado, dia 26, na Casa das Janelas.
Além de “Distando Estava”, Imorrível traz muitas outras canções contagiantes como Barulho de Fafá, Navalha, Basta Bem Pensar e Multicheiro, mas o show ainda reserva espaço para as clássicas, como Kilariô, Se o Mundo Acabasse em Mel, A Vida em Seus Métodos Diz Calma, entre outras.
O soul man se apresenta na Casa das Janelas acompanhado do Projeto Agulhada, de Rio Preto, formado por Filipe Murbak (bateria), Mateus Mendonça (baixo), Jader Marques (guitarra) e DJ Basim (pickups).
Traz na bagagem a mesma energia de quando se lançou na estrada. Uma estrada, aliás, tão sinuosa e surpreendente quanto seu ritmo e suas letras. Di Melo lançou em 1975 seu primeiro álbum, homônimo, que é considerado um clássico da música brasileira, apresentando sua poesia com referências à MPB, ao funk, ao soul e à psicodelia, além de realizar misturas com ritmos como afrosamba, samba-rock, tango, jazz e blues. O trabalho contou com a participação de Heraldo do Monte e Hermeto Paschoal.
O reconhecimento logo em seu primeiro trabalho aumentou a procura pelo LP, que passou a compor o repertório de DJs e a ser vendido a preços altos no exterior. Em poucos anos, o disco entrou para a história da música nacional, virou raridade e teve uma breve aparição num clipe do Black Eyed Peas.
A obra foi redescoberta por DJs internacionais nos anos 90 e ganhou as pistas de todo o planeta. A música ‘A Vida em Seus Métodos Diz Calma’ aparece na coletânea Blue Brazil 2 da BlueNote, e em 2002, o álbum foi relançado em CD dentro da coleção “Odeon 100 Anos”, coordenada por Charles Gavin.
Di Melo tem mais de 400 letras inéditas armazenadas em seus arquivos. Outras cem músicas gravadas em estúdio e engavetadas para um momento oportuno. Além de homenagens a Chico Buarque, Elis Regina e outros ícones da MPB, o pernambucano Di Melo guarda canções em parceria com Geraldo Vandré, Wando, Baden Powell. Nos últimos 40 anos, se manteve afastado do mercado fonográfico formal: irrefreável, continuou a produzir, mas escoou as músicas em discos amadores, produzidos por ele mesmo e comercializados ao fim de seus shows.
O “imorrível”
Como o cantor ficou retirado da vida pública por muito tempo e sofrera um grave acidente de moto, espalhou-se o boato de que havia morrido, daí o curioso apelido. Em 2011, os cineastas Alan Oliveira e Rubens Pássaro lançaram um documentário sobre ele, chamado “Di Melo, o Imorrível”.
Irreverente, Roberto de Melo Santos, 68 anos, declara estar em “plena atividade física, mental e orgânica” e ter descoberto que “para o imorrível nada é impodível”. O cara que adora “apenas” dois tipos de mulheres, as nacionais e as estrangeiras, afirma ser conhecido no mundo todo exatamente por ser um desconhecido.
Show em Rio Preto
Os ingressos para o show na Casa das Janelas são limitados. A abertura será com a banda Griot’s África Brasil, que se apresenta às 22h30.
Na ocasião, o sebo Antiguinho, que fica instalado na Casa das Janelas, também estará funcionando, com promoções de vinis de diversos gêneros.
SERVIÇO:
Di Melo, sábado, dia 26, na Casa das Janelas. Abertura da Casa às 20h.
Ingressos: R$ 25 (2º lote). Endereço: na rua João Teixeira, 346, Santa Cruz.
texto: Marival Correa / Notícias do Bem
fotos: Érika Lúcio / Divulgação
24/08/2017
24/08/2017 16:11