A FORÇA DA COMUNICAÇÃO
Huma Right Watch: uma voz a favor dos direitos humanos
Com tantas notícias de tragédias e guerras pelo mundo, muitas vezes a gente se perde e não entende o que realmente está acontecendo, como no caso dos conflitos na Síria, no Oriente Médio.
Para compreender melhor a origem dessa guerra tão noticiada em todos os telejornais e que provocou a maior imigração do mundo, desde a segunda Guerra Mundial, comecei a buscar alguns textos e vídeos e foi assim que descobri o documentário “E-Team” (2014), disponível em locadoras e na rede Netflix, que mostra o trabalho realizado pela Human Right Watch (HRW) uma organização global, composta por mais de 400 profissionais, que desde 1978 acompanha a situação dos direitos humanos em mais de 90 países, inclusive o Brasil.
Nesse documentário, a HRW retrata o trabalho que realiza em regiões em crise, em que uma equipe especial conhecida por “E-team” vai até os locais de conflito, registrar se há abusos no diz respeito aos direitos humanos. Nesse caso, o vídeo traz os registros da guerra da Síria ainda em 2013. A partir dessas filmagens divulgadas para as mídias, o mundo descobriu a extensão da guerra, até então ignorada por muitos. “A HRW foi a primeira organização a identificar o uso de arma química pelas forças do governo de Bashar Al-Assad, logo nos anos iniciais do conflito. O uso de armas químicas e biológicas é absolutamente proibido no direito internacional.”, revela Maria Laura Canineu, Diretora Brasil da HRW.
O trabalho da HRW ajudou as organizações de assistência humanitárias, que até então eram proibidas de atravessar as fronteiras para prover assistência em diversas localidades, especialmente as controladas por grupos rebeldes. “Em parceria com outras organizações, auxiliamos a garantir que o Conselho de Segurança da ONU interviesse nessa situação, autorizando, a partir de julho de 2014, a ajuda humanitária nas fronteiras da Síria e exigindo um fim definitivo do uso indiscriminado de armas.”, ressalta a diretora.
Dessa mesma maneira, a HWR registrou também a guerra de Kosovo, antiga Iugoslávia, na década de 1990. O trabalho do E-team teve um papel fundamental no fim dos conflitos, sendo inclusive usado como prova no julgamento do então presidente da região em crise Slobodan Milosevic. “Desde sua fundação, a HRW trabalha na responsabilização criminal de notórios violadores de direitos humanos. Acreditamos que a responsabilização é essencial para alcançar a justiça em relação a grandes violações e para possibilitar um ambiente de não repetição de práticas abomináveis como a tortura e outros crimes de guerra”, explica Maria Laura.
HRW no Brasil
Há pouco mais de dois anos, o HRW inaugurou em São Paulo seu primeiro escritório na América Latina. “A organização atua no Brasil há pelo menos 20 anos em assuntos relacionados especialmente à justiça juvenil, violência policial e situação carcerária.”, detalha Maria Laura.
Em 2015, HRW documentou a realidade carcerária do estado de Pernambuco, que possui o maior índice de superlotação do país. “Descobrimos que quase 32 mil pessoas aguardam julgamento em instalações destinadas a 10.500 pessoas, em condições insalubres e perigosas, o que viola o direito internacional.”, comenta ela.
Como resposta à denúncia, foi nomeado um juiz para supervisionar o maior complexo prisional de Pernambuco e aumentará o número de juízes para acelerar, principalmente, os casos envolvendo drogas, entre outras ações. O HRW continua acompanhando a situação.
De acordo com a representante da organização no Brasil, o mundo vive atualmente com muito medo, o que tem trazido ameaças crescentes para o movimento internacional dos direitos humanos. Para ela, o respeito aos direitos fundamentais nunca foi tão necessário e importante. “É preciso continuar atuando, pressionando, exigindo que os países, e particularmente líderes regionais como o Brasil, reconheçam que, mais do que nunca, este é o momento de permanecerem firmes em valores fundamentais de respeito à dignidade da pessoa humana, à diversidade e solidariedade.”
Para saber mais sobre estas e outras atividades da HRW pelo Brasil e pelo mundo e como ajudar a manter ou a se voluntariar, acesse www.hrw.org ou curta as páginas nas redes sociais – no Facebook HRWBrasil e no Twitter @hrw_brasil.
Reportagem: Thais Alves
Fotos: Divulgação HRW