Dez discos fundamentais para mergulhar em Gal Costa

Uma das cantoras mais importantes do século 21 e nome referencial do movimento tropicalista, Gal Costa morreu nesta quarta-feira (9), aos 77 anos, depois de embalar gerações com sua voz única e marcante. Para quem ainda não conhece a fundo a discografia da cantora, o jornalista e DJ Set Harlen Felix selecionou dez discos que considera fundamentais em sua trajetória musical.

10º) A Pele do Futuro – 2018

Último disco de inéditas da cantora, “A Pele do Futuro” trouxe Gal Costa dialogando com a nova geração da música, em particular a também saudosa Marília Mendonça, que compôs e divide os vocais em “Cuidando de Longe”. Um disco pautado pela soul e disco music que resgata a sensualidade que sempre fez parte da identidade dessa cantora única.

9º) Aquele Frevo Axé – 1998

O repertório sempre esteve a favor nas escolhas de Gal Costa, que se reafirmou relevante na MPB da virada do milênio com esse disco que equilibra força e sutileza. Ao longo de quinze faixas ela passeia por nomes como Tim Maia (“Imunização Racional”), Caetano Veloso (“Aquele Frevo Axé”), José Miguel Wisnik (“Assum Branco”), Adriana Calcanhoto (“Esquadros”) e Luiz Gonzaga (“Qui Nem Giló”).

8º) Plural – 1990

Composta por Jorge Ben e Arnaldo Antunes, “Cabelo” foi a marca registrada do vigésimo segundo disco de Gal Costa, que traz uma sonoridade baseada no reggae e ritmos latinos. “Plural” presenteou os brasileiros com “Cabelo”, uma canção que celebrava a diversidade do País de uma forma bastante emblemática.

7º) Mina D’Água do Meu Canto – 1995

Ok! Tem gente que até pode dizer que este não é um álbum tão relevante, mas para mim, é uma declaração de amor a duas pessoas importantes na carreira de Gal Costa: Caetano Veloso e Chico Buarque. Em seu vigésimo quinto álbum, a cantora mostrava que sua voz estava plena forma, entregando interpretações únicas para canções de Caetano e Chico que já habitavam o imaginário afetivo dos brasileiros.

6º) Profana – 1984

Um marco na popularidade de Gal Costa na cena cultural brasileira, “Profana” vendeu 400 mil cópias em dois meses de lançamento. Com canções certeiras como “Vaca Profana” e “Chuva de Prata”, que teve participação especial do grupo Roupa Nova, a cantora se revelava integrada ao seu tempo, celebrando o feminino pelo seu jeito mais profano.

5º) Caras e Bocas – 1977

“Caras e Bocas” é, de certa forma, um disco definitivo para Gal Costa romper com uma fase mais rebelde e experimental para abraçar de vez o público e se tornar uma das grandes vozes femininas da MPB. Gal não era restrita a uma bolha da sociedade, ela era de todos, e provava isso com esse álbum carregado de sensualidade.

4º) Gal Costa – 1969

É o primeiro disco de Gal Costa, cujo lançamento foi adiado pela Phillips após a prisão de Caetano Veloso pelo aparelho repressivo da ditadura militar. Por isso, é considerado o álbum que encerrou a tropicália. Gal, que já havia gravado “Domingo” com Caetano e “Tropicalia ou Panis et Circencis” com a galera do movimento tropicalista, revela-se mais moderna nesse trabalho, flertando com outros ritmos para além da bossa nova.

3º) Índia – 1973

Um culto ao que há de mais brasileiro e popular na música, o álbum “Índia” revela uma Gal engajada e provocadora. A capa, que trazia um close da cintura da cantora vestida de tanga, foi censurada à época – uma censura que levou quatro décadas para ser derrubada. Na contracapa, a cantora estava de seios de fora vestida de índia. Só restou a gravadora revestir o álbum com um plástico azul, o que aumentou ainda mais a curiosidade das pessoas.

2º) Fa-Tal – Gal a Todo Vapor – 1971

Fruto de uma série de shows feita no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro, sob direção de Wally Salomão, “Fa-Tal” revela a versatilidade da “musa do desbunde”, que passeia desde a tradição de Ismael Silva e o folclore baiano à vanguarda de Caetano Veloso e Jorge Ben. Nesse trabalho, ela deu interpretações definitivas para clássicos como “Pérola Negra” (do então novato Luiz Melodia), “Vapor Barato” (de Jards Macalé e Waly Salomão), “Como Dois e Dois” (de Caetano) e “Sua Estupidez” (de Roberto e Erasmo Carlos).

1º) Gal – 1969

Segundo trabalho solo da cantora, ‘Gal’ é, sem dúvida, o disco mais impactante de sua carreira. A capa do artista tropicalista Dicinho já dava pistas da pegada experimental do disco. Inspirado em nomes como Janis Joplin e Jimi Hendrix, o álbum flerta com o rock psicodélico internacional, mas sem deixar de impor sua identidade tropicalista. Com produção de Rogério Duprat e a participação de Gil, Caetano e Jards Macalé, Gal apresenta um de seus melhores e mais ousados trabalhos.

Texto: Harlen Felix / Notícias do Bem
Foto: Foto promocional do disco Bossa Tropical crédito: Marcos Hermes

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