Em modalidade própria, Fotografia celebra a cidade, sua história e cultura

Prêmio Nelson Seixas

Em modalidade própria, Fotografia celebra a cidade, sua história e cultura

Gérard Castello-Lopes, fotógrafo português e discípulo declarado da obra humanista de Henri Cartier-Bresson, dizia que a fotografia é uma forma de ficção. “É ao mesmo tempo um registo da realidade e um autorretrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira”, afirmava ele. Muito da essência contida nesta frase sobre a arte de capturar um momento está contida nas três obras contempladas com o Prêmio Nelson Seixas na modalidade otografia Fotografo(categoria Artes Visuais), organizado pela Secretaria de Cultura de Rio Preto: “A fotografia por meio da fotografia, de Santiago Garcia, Na rua, na chuva, de Jorge Etecheber, Poética da cidade, de Victor Natureza.

As obras premiadas trazem muito do que Gérard Lopes destaca como um registro da realidade e um autorretrato em torno dela. Um autorretrato, também da própria cidade, na busca pela preservação de sua memória e da construção da sua identidade.

fotografoÉ nesta linha que segue o trabalho de Vitão Natureza. Esta será a terceira exposição do Poéticas da cidade “Capítulo 1 – Pessoas, retratos da história”, agora com o apoio financeiro conquistado com o prêmio, que tem como principal objetivo registrar este olhar para a cidade a partir de seus próprios personagens. Um processo que busca justamente a preservação da memória coletiva, num movimento que se inicia atrás de uma câmera e que se propaga no tempo e na própria história.

“Serão 160 fotos expostas e cada local da exposição terá 20 fotos. Vou espalhar fotografia e a história da nossa cidade. Resumidamente, o projeto significa isso: retratos de pessoas que eu abordei na rua e que ainda abordarei mais para contar um pouco das suas histórias, e as histórias delas com a cidade. Dessa forma vou estar contando a história da cidade através da história dessas pessoas”, explica Vitão, que vê no prêmio a oportunidade de poder amplificar o seu trabalho.

“Justamente por eu amar fotografia e amar minha cidade, fiquei imensamente feliz com o prêmio. Entendo ser um grande privilégio receber um prêmio respeitado e que é uma grande oportunidade pra qualquer artista. Mostra que eu estou no caminho certo”, declara.

JorgeQuem também está muito feliz é o experiente fotógrafo Jorge Etecheber, que tem em sua premiação dois sabores muito especiais. Primeiro, porque ele está completando 25 anos de profissão e, segundo, porque a principal novidade da edição do Nelson Seixas deste ano partiu de uma iniciativa sua. A partir de agora, a modalidade Fotografia passa a ser desmembrada da modalidade Artes Plásticas. Ambas permanecem inseridas na categoria Artes Visuais, mas distintas e não mais concorrentes como até então ocorria.

“Isso permite um julgamento mais justo, como também concede a todos o mesmo patamar de premiação”, justifica Jorge, ao lembrar que, até então, os trabalhos de artes plásticas eram avaliados juntamente com os de fotografia. “Não há como aferir com precisão qual demanda mais tempo, investimento ou coisa do gênero. Todos têm o seu valor e merecem ser julgados em separado, de forma equiparada”, argumenta.

Jorge, tido como uma referência para muitos fotógrafos rio-pretenses, vê em sua premiação no Nelson Seixas uma oportunidade de levar a arte de seu ofício para os quatro cantos da cidade. Ele espalhará o seu “Na rua, na chuva” para os mais diferentes espaços, sempre com o propósito de democratizar a arte e a experiência única da descoberta a partir do olhar.

“A arte é para ser vivida e sentida por todos, não para ser confinada ou ser um privilégio de poucos. Por essa razão quero tornar o trabalho dessa minha exposição o mais abrangente e ao alcance do maior de número pessoas possível”, conta Jorge, que colocará as fotos em grandes chapas de aço (de 12 a 15 imagens em cada ponto) ao alcance de todos. Seja no ambiente de um shopping center, seja na grade do portão de uma casa da periferia. “Arte é isso, é para todos”, resume.

Prêmio Nelson Seixas

AlgunsO troféu do Concurso Cultural Nelson Seixas 2017 é uma premiação anual para as modalidades de Artes Audiovisuais, Artes Visuais, Música, Dança, Hip Hop, Literatura, Cultura Popular (escolas de samba), Teatro e Circo, concedida pela Prefeitura de Rio Preto por meio da Secretaria de Cultura. Foram contemplados ao todo 38 projetos de artistas locais. A cerimônia de premiação, realizada no dia 14 de agosto no Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto e contou com a presença da viúva do patrono Nelson Seixas (1928-2011), Darcy Seixas.

O Prêmio Nelson Seixas teve várias fases preparatórias: o Escuta Editais (janeiro), ouvindo as reinvindicações e sugestões de artistas, um ciclo de 5 dias de reunião com a classe artística, abertura de inscrições (até 14 de julho), avaliação dos projetos por 24 especialistas culturais nas áreas previstas no concurso, até a final revelação no último dia 14.


PremiadosPRÊMIO NELSON SEIXAS 2017 – CLASSIFICAÇÃO GERAL


ARTES  AUDIOVISUAIS

Selecionados

·  Cine Céu – Mostra de Cinema, por Cinexpresso

·  Indo – O que fizemos que estamos, por Café Insônia

·  Normal V.2, por Robô Filme

ARTES VISUAIS

Selecionados

Artes Plásticas:

·  Até o céu, por Fabiana Soave

·  Dentes (de)leite – Narrativas Visuais, por Laura da Paula Barbeiro

·  O Teatro de Lendas, por Felipe Moreno

Fotografia:

·  A fotografia por meio da fotografia: o humano por meio da técnica, por Santiago Maliato Garcia

·  Na rua, na chuva, por Jorge Luis Etecheber M.E.

·  Poética da Cidade – Capítulo I – Retratos da História, por Victor Natureza

CULTURA POPULAR – CARNAVAL

·  A história das máscaras, por  GRES Imperatriz Riopretense

·  O último flash, por GRES Unidos da Boa Vista

·  Sol – o astro rei da alegria, por GRES Império do Sol

DANÇA

·  Cia Com-tato – um programa duplo, por Cia Com-tato

·  Circulação Cia do Santo Forte, por Cia do Santo Forte

·  Humalteridade, por Asa de Borboleta Performance Art

·  Mente – Circulação e Compartilhamento, por Cia dos Pés

·  Tempo Singular, por Virtual Cia de Dança

HIP HOP

·  Festival Olho da Rua, por Ricardo Lucas de Oliveira

·  Hip Hop em Ação 2017, por Ricardo Alexandre Galhardo

·  Hip Hop Underground – Além das ruas, por Bad’s Crew Dance Hip Hop

LITERATURA

·  Sarau Urbano, por Bruno Fausto dos Santos

MÚSICA

·  Alma Brasileira – Circulando Villa Lobos, Tom Jobim e Pixinguinha, por Joellington Silva

·  Bodas de Papel, por Zeca Barreto e André Fernandes

·  Chorinho na cidade, por Regional Cabidela

·  Kombi Nation Encanta, por Samuel Verona Moreti

·  Partido-Alto – Ona Imo, por Zanini Produções

·  Rio Preto Jazz Sinfônica, por Josué Guimarães

·  Sax para todos os cantos, por Ricardo Teles Eventos Musicais

TEATRO/CIRCO

·  A velha amorosa, por Cia Ai Dos Dois

·  Apocalíptica 3×4, por Cia apocalíptica

·  Cérebro de Elefante, por Cia Ir e Vir

·  Circo Lando – Circuito Fábrica de Sonhos de Teatro, por Cia Fábrica de Sonhos

·  Circulação – O casório de Floripe, por Varanda Produções Teatrais

·  Crise de Gente, por Cia Hecatombe

·  PUTO !, por G.A.L. – Grupo de Apoio à Loucura

·  Quase Nada, por Minha Nossa Companhia

·  Virado à Paulista, por Cia Cênica

·  WAR Cia para Pessoas Solitárias

texto: Marival Correa / Notícias do Bem
fotos: Ricardo Boni / Notícias do Bem e Fabrício Sppati / Divulgação 16/08/2017

16/08/2017 10:23

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