Jacaré, José e Ednalva contam suas histórias de vida

NO BOTECO

Jacaré, José e Ednalva contam suas histórias de vida

Quem mora em São José do Rio Preto e passa de carro pela Rua Pedro Amaral sentido zona Norte, quase chegando na avenida Cenobelino de Barros Serra, se surpreende com a grandeza de uma árvore Sete Copas, plantada há cerca de 50 anos pelo saudoso senhor Joaquim Alexandre da Silva marido de dona Vilma Lulio da Silva.

Além da árvore, o que chama a atenção naquele cantinho do bairro Parque Industrial é a tradição do bar da família do senhor Sidenelson Alexandre, de 63 anos, filho de Joaquim. São 25 metros de altura de árvore, 25 anos de bar e boas histórias de buteco para contar.

 Jacaré, filho de Sidenelson, nos contou uma história das boas. Ele começou a trabalhar no bar, isso há 21 anos, quando um amigo o buscou na sua casa e o levou até o bar para desfazer uma briga de cinco anos que mantinha com o pai (coisa de rebeldia de adolescente, avisa ele!). De lá pra cá, Jacaré nunca mais saiu do 7 Copas e traz para o cardápio “pitadas” de inovações, como o prato inscrito no Concurso Comida de Buteco – o Especial do 7 – sempre respeitando os pratos tradicionais criados pelo seu pai como a famosa Galinhada, de todas as sextas-feiras, e o Puchero.

Com 15 horas de trabalho por dia, de segunda a sexta, Jacaré confessa adorar o seu trabalho e não trocaria essa jornada pesada por horas mais tranquilas em um escritório, por exemplo. “Aqui fico de bermuda, camiseta e tênis. Faço amigos todos os dias e ainda convivo com minha família. Mesmo com uma briga aqui, outra ali, pode ter certeza que o amor e a parceria são grandes”, conta ele ao nos apresentar a dona Vilma que, com seus 82 anos, colabora com sua experiência no andamento da cozinha do bar. E foi vendo a avó cozinhar que Jacaré pegou gosto pela cozinha e é observando sua pequena filha Beatriz, de 5 anos, crescer que ele trabalha duro, porém feliz.

O Bar 7 Copas fica na rua Pedro Amaral, 1141, no Parque Industrial. Telefone (17) 3231-6993.

Fotógrafo, construtor e bom de cozinha

JoseÉ bem na esquina da rua Centenário com a São Luis, no Jardim Europa, que fica um dos estreantes do Concurso Comida de Buteco, o Pererê Butequim.

Mais do que um bom cardápio, que traz delícias como Empadão de Sardinha Escabeche – prato inscrito no concurso, e cerveja gelada, o bar traz pedaços importantes da vida do proprietário José Marcos Nogueira como câmeras fotográficas, uma bandeira da Austrália e pinturas aborígenes. Suas histórias rendem um bom punhado de rodadas de cerveja.

José nasceu em São José do Rio Preto, na rua Delegado Pinto de Toledo na casa do seu avô, mas nunca tinha morado na cidade. No Brasil ele já morou em Palestina, Bauru, Barra Bonita, Brasília, Rio Grande do Sul, Campinas e no Rio de Janeiro.

E foi nesta última cidade que ele se encantou com a fotografia trabalhando como fotógrafo em importantes veículos de comunicação dos anos 80 como O Povo e Última Hora, bem na época que os jornalistas exilados devido à censura imposta pelo Governo Militar estavam voltando para o país. Neste período, participou de momentos importantes do país como, por exemplo, a cobertura do movimento “Diretas Já” com uma foto de capa inteira do jornal O Povo.

E foi a fotografia que o levou para Lisboa. Lá, em uma festa, ele conheceu a mãe de seus três filhos. E logo se mudaram para Londres. Tiana, a primeira filha do casal nasceu em terras londrinas, mas em seguida,decidiram se mudar para a Austrália e lá ele ficou por 22 anos. Como naquela época trabalhar como freelancer para agências de notícias brasileiras era pouco rentável, ele tirou licença de carpinteiro e fez curso de construtor – outra de suas vocações. Aliás, o balcão, as estantes e as prateleiras do Pererê foram todas feitas pelas mãos de José.

Quando os filhos cresceram, ele decidiu voltar para o Brasil e ficar mais próximo de sua mãe, hoje com 90 anos. Depois de uma temporada de um ano em São Sebastião, ele decidiu vir para São José do Rio Preto. Frequentador assíduo do bar Faiol, ele fez uma proposta para comprar o local e já um ano e meio toca o espaço com o nome Pererê – que veio de uma antiga paixão dele pelos gibis do Ziraldo. E é no bar que ele coloca em prática outra vocação: a arte de cozinhar. Segundo ele, seu tempero sempre fez sucesso na mesa de sua família. “Quando meus filhos eram crianças e no início da adolescência os pratos mais pedidos por eles e seus amigos, lá na Austrália, eram: bolinho de arroz, lasanha, e arroz branco, feijão e bife”, lembra.

Os temperos de José podem ser apreciados no seu bar e a sensibilidade de José pode ser vista por meio de suas fotos publicadas no seu blog: jmnoguiera-fotografia

O Pererê Butequim fica na rua Centenário, 240, no Jardim Europa, e funciona de segunda a sexta das 16h até a uma da manhã. Telefone (17) 3234-1854.

Mineira arretada

EdnalvaEdnalva Oliveira Neres é mineira, mas foi com a família para a Bahia ainda criança e, mesmo morando em São José do Rio Preto há 26 anos, o sotaque baiano ainda é arretado.

Essa mistura de Minas com Bahia é o segredo do tempero de Ednalva muito apreciado pelos clientes do Gambófa, criado por ela e seus filhos Eduardo e José Renato. Ela, que já trabalhou em vários empregos como vendedora de tupperware, decidiu investir, apostar e acreditar no bar que tem dado muito certo.

Cada receita criada, como o Bolinho Nordestino com milho, batata e carne seca (feita por ela mesma!) – participante do Concurso Comida di Buteco – mexe muito com sua memória afetiva. “Aprendi a cozinhar desde meus 12 anos com minha mãe, a saudosa dona Petronilha, e toda vez que cozinha me lembro dela principalmente quando faço para a minha família pratos como pamonha e frango caipira com milho cozinho e polenta”, conta com saudade, brilho nos olhos e deixando a gente com água na boca.

O Gambófa fica na rua Santa Maria, na Vila Aurora. Telefone (17) 92203-9427.


Sobre o Comida di Buteco

O Concurso que reúne bares de São José do Rio Preto em busca do título do “Melhor Boteco” vai até o dia 7 de maio. O concurso foi criado em 2000 com a missão de transformar vidas através da cozinha de raiz – boteco extensão de sua casa. Ao longo dos 17 anos de sua criação tem desenvolvido um importante papel de fomento à cultura e culinária de boteco, contribuindo de maneira relevante para o desenvolvimento desse setor.


EmpadaoConfira todos os bares participantes deste ano e seus petiscos:

7 Copas – Especial do 7

Academia do Espeto – Rolinhos da Academia

Bar do Cidinho – Kibetardela

Bar do Magrão – Paizão do Magrão

Butiquim Caneca Torta – Bolinho do Caneca

Chibiu Butiquim – Croc pastel

Clube da Esquina – Frango na formiga

Filial Rio Preto – Crossfritinho

Gambófa – Bolinho Nordestino

Imperial Butiquim – Barriga nobre

Pererê Butequim – Empadão de sardinha escabeche

Porpeta Butiquim – Par Perfeito

Sob Nova Direção Snooker Bar – Cubo Mágico

Taberna Canova – Franguilho à la Taberna

Vila Aurora Bar – Boi Cotó

Texto: Fernanda Peixe/Notícias do Bem

Fotos: Ricardo Boni/Notícias do Bem

28/04/2017

28/04/2017 20:39

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