Olimpíadas alimentam sonhos, provocam lágrimas e integram pessoas do mundo todo

FORTES EMOÇÕES

Olimpíadas alimentam sonhos, provocam lágrimas e integram pessoas do mundo todo

Na última sexta-feira, a pira olímpica foi acesa no Rio de Janeiro pelo ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, que se tornou um símbolo do espírito esportivo graças ao bronze conquistado em Atenas depois de ter sido empurrado por um padre quando liderava a prova. O acendimento da pira representa muito mais do que o início de um torneio – a Olimpíada é o maior espetáculo esportivo do planeta, o ponto máximo, o sonho de todo atleta. Superação, motivação, desafios e muita emoção dominam quadras, piscinas, tatames, pistas e, claro, arquibancadas, porque o espírito olímpico é contagiante. São milhares de pessoas envolvidas, uma estrutura impressionante que abriga atletas, fãs e trabalhadores do mundo todo e, no caso do Rio de Janeiro, a beleza da cidade e a alegria e a receptividade do povo brasileiro, que sempre encantaram o mundo. Com tantos motivos, é impossível não gostar das Olimpíadas.

O sonho de chegar lá

OO desejo de jogar uma Olimpíada é uma das motivações da jovem tenista Rayssa Vitória, de dez anos, que joga pelo Clube Monte Líbano, de São José do Rio Preto. Apesar de pequena, Rayssa enfrenta uma rotina intensa de treinos e é uma promessa do esporte que tem como principal representante brasileiro o catarinense Gustavo Kuerten. Nos campeonatos dos quais participa, ela costuma competir com atletas mais velhos, tamanho seu talento, e aproveita para se preparar para o futuro. Com o brilho da esperança no olhar, a pequena tenista afirma: “Espero treinar muito, integrar a Seleção Brasileira, disputar torneios profissionais e quem sabe chegar aos 18 anos para a disputa de uma Olimpíada. Isso será em 2024”.

Nos jogos Rio-2016, Rayssa faz parte da torcida por Teliana Pereira, que compete sozinha e em dupla com Paula Gonçalves. Em um momento de dúvidas, Teliana alimentou o sonho de Rayssa, que se orgulha ao contar: “Ela já chegou a me enviar uma mensagem de incentivo pelas redes sociais num momento em que questionei se continuaria ou não no tênis. Ela me impulsionou muito e por isso torço muito pelo seu sucesso”. A família de Rayssa também é grande incentivadora e essa motivação toda só faz aumentar o sonho de conquistar o pódio olímpico. Com dedicação e paixão, Rayssa pode chegar lá.

A realização

Uma prova de que chegar a uma Olimpíada é possível é o oposto da Seleção Brasileira de Vôlei Evandro Guerra, que aos 13 anos de idade saiu da pequena Ibirá – cidade que fica a menos de 40km de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo – para conquistar espaço nas quadras mais importantes do mundo. Depois de ser aprovado no teste do Esporte Clube Banespa, em São Paulo, chegou à Seleção Brasileira juvenil, passou por Grécia, Itália, Argentina, Japão e, aos 34 anos de idade, continua competindo em alto nível, o que garantiu mais uma vez a vaga na seleção de Bernardinho, desta vez para disputar os jogos no Rio.

EvandroCasado há 13 anos com Talita, Evandro está concentrado na Vila Olímpica desde a semana passada e, por isso, não conseguiu atender a reportagem do site Notícias do Bem. A realização do sonho olímpico, no entanto, foi contada pela esposa: “O Evandro participou várias vezes da Seleção Brasileira, competindo em ligas mundiais, sempre com o maior sonho de um atleta, as Olimpíadas. E eis que o sonho se tornou realidade este ano. A ficha só caiu depois do segundo dia na Vila. A emoção de fazer parte do grupo e defender nosso país no campeonato mais importante do mundo é enorme”.

Segundo Talita, a trajetória exigiu muita dedicação: “Foram quatro anos de preparação. Tudo que um atleta almeja na sua carreira profissional é estar em uma Olimpíada e, depois de tanto trabalho, treinos, lesões, dores, recuperações e mais treinos, isso foi possível. O Evandro é um atleta de muita garra, força de vontade e disciplina e hoje é um atleta olímpico que buscou seu espaço com paciência e perseverança”. O sonho está próximo de ser completo: o objetivo de Evandro e de seus companheiros, agora, é voltar para casa com a medalha de ouro no peito.

Emoção dentro e fora das arenas de competição

São muitos os detalhes que fazem da Olimpíada um evento tão especial. Milhares de atletas – famosos ou não, muitos sem apoio e sem patrocínio, vindos de pequenos países até então desconhecidos – buscam superar seus limites para representar suas delegações com mérito. A cada pódio, lágrimas de emoção tomam conta das arenas. Mas não são apenas os atletas que se emocionam com o que acontece durante as Olimpíadas. Fãs do esporte que participam como torcedores e milhares de pessoas que, de alguma forma, fazem parte dos jogos, além de profissionais e voluntários, também enxergam no evento uma experiência incrível. Eles se emocionam, trocam experiências, conhecem pessoas do mundo todo e vivem o espírito olímpico com alegria.   

RodolfoRodolfo Nobre, assessor de imprensa rio-pretense que conquistou uma das vagas para trabalhar nos jogos como voluntário, conta que “O clima é fantástico. A cada dia chegam mais estrangeiros, os cariocas são muito receptivos. Festas, manifestações artísticas e a troca de experiências culturais fazem disso um momento realmente especial mesmo fora dos locais de competição. São muitas línguas, roupas, hábitos diferentes e estão todos muito animados com tudo que está acontecendo no Rio”. Rodolfo sempre quis participar de uma Olimpíada, por isso se candidatou logo que possível para ser voluntário. “Quando fiquei sabendo que teria Olimpíada aqui no Brasil, eu decidi que tentaria participar de alguma forma, porque sou muito fã da competição. A vontade de assistir presencialmente tudo que envolve um evento como esse me trouxe até aqui e é uma emoção enorme participar, especialmente por ser no Brasil”.

Espírito esportivo

A emoção das Olimpíadas se traduz em momentos que ficam eternizados na história esportiva. Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos modernos, em Atenas, no ano de 1896, a competição reúne imagens marcantes, capazes de emocionar até os menos aficionados por esporte. Alguns atletas se destacaram, ao longo de todos esses anos, por serem exemplos de determinação, superação, cooperação e emoção e, por isso, merecem ser lembrados.

Um atleta que merecidamente recebeu mais uma homenagem na última sexta-feira é Vanderlei Cordeiro de Lima, que foi convidado para acender a pira durante a cerimônia de abertura dos jogos Rio-2016. Há doze anos, sua determinação entrou para o hall dos momentos mais marcantes de todos os tempos. Durante a maratona na Olimpíada de Atenas, em 2004, Vanderlei foi propositalmente derrubado por um padre. No momento do incidente, o brasileiro liderava a prova e, graças à intervenção do manifestante, perdeu a liderança. O espírito esportivo, a garra e a vontade de vencer deram força a Vanderlei, que continuou a prova e chegou em terceiro lugar. Pelo ocorrido, recebeu a medalha “Pierre de Coubertin”, homenagem feita pelo Comitê Olímpico a atletas que se destacam durante os jogos. Até hoje, apenas 18 atletas receberam a medalha.  Vanderlei é o único brasileiro entre eles.

Reportagem: Vânia Nocchi / Notícias do Bem
Fotos:Ricardo Boni / Notícias do Bem e Arquivo Pessoal

09/08/2016

09/08/2016 11:47

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