Sexualidade na Terceira Idade é tema de palestra no Senac São José do Rio Preto

QUEBRANDO PARADIGMAS

Sexualidade na Terceira Idade é tema de palestra no Senac São José do Rio Preto

Em meio a tantas transformações sociais relacionadas à sexualidade e ao gênero, parece até um contrassenso o sexo na terceira idade ser considerado por muitos um tabu.

Tabu ou não, o Sexo na Terceira Idade é um fato e é saudável.

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), 87,1% dos homens e 51, 2% das mulheres, com 61 anos ou mais, estão sexualmente ativos. Nesta quinta-feira, dia 30 de março, das 10h às 11h30, o Senac São José do Rio Preto realiza a Palestra “Sexualidade na Terceira Idade”, com a docente dos cursos Técnico em Enfermagem e Cuidador de idoso, no Senac São Jose do Rio Preto, Daniele Cristina Polotto Montanar. 

A atividade, que é aberta ao público, faz parte programação do Diversus: Mês da Diversidade, uma série de atividades realizada, ao longo do mês de março, com objetivo de propor reflexões sobre diversidade cultural e preconceito por meio do diálogo. Para trazer um pouco dessa reflexão, o Notícias do Bem entrevistou a palestrante Daniele Cristina. Confira abaixo o bate-papo e saiba mais sobre o tema:  

NOTÍCIAS DO BEM – Por que o sexo na terceira idade ainda é visto como um grande tabu?
DANIELE CRISTINA A sexualidade é fator essencial para uma boa qualidade de vida na velhice. Mesmo que por muito tempo a sexualidade tenha sido compreendida apenas como símbolo de reprodução, sabe-se que, atualmente, a relação sexual deixou de ser uma mera necessidade reprodutiva, para se tornar, satisfação dos prazeres e desejos.
Esse é um assunto que ainda gera preconceito. A sociedade impõe que os indivíduos de idade avançada não necessitam de sexo, com isso muitos idosos deixam seu prazer de lado para não serem julgados ou sentem medo de serem expostos, mas eles têm o direito de praticar a sexualidade da forma que quiserem e a sociedade tem o dever de respeitar as diferenças sexuais ou em qualquer outra área, respeitando suas particularidades.

NB – Você acredita que as “exigências sociais” – de que os homens não podem “falhar” e as mulheres precisam ter a beleza da juventude como fontes únicas de atratividade sexual – são os principais fatores que contribuem para que o sexo na terceira idade seja cercado de preconceitos?
DC – O fato é que a sociedade não aceita e nem considera que idosos sentem desejo sexual, mas quando existe oportunidade eles têm relações sexuais. E a sexualidade do idoso está relacionada não somente com sexo e sim aos carinhos, desejos, intimidade, companheirismo, amor, dentre outros. Os próprios idosos precisam repensar os conceitos sobre sua sexualidade e o relacionamento com seu parceiro e assumir suas novas condições com mais naturalidade.

NB – Como podemos desconstruir esses conceitos?
DC – Podemos desconstruir os pensamentos negativos em relação à sexualidade do idoso, principalmente pelo fato de que a disfunção erétil pode estar mais relacionada a fatores psicológicos do que fisiológicos. E com a sociedade revendo esses conceitos, os idosos podem reproduzir esses valores em seu cotidiano.

NB – A mulher que agora está na terceira idade vem de uma geração que estava lutando pela liberação sexual. Elas viveram em um cenário em que, na maioria das vezes, o sexo não era um assunto discutido entre pais e filhos, que o prazer feminino não era um tema abordado. Qual a influência disso para essas mulheres nos dias de hoje?
DC – Sabe-se que o sexo nos dias atuais para as mulheres na terceira idade vem se modificando, porém, esses valores passados ainda exercem influência. A superação desses valores inadequados é necessária para a melhora da qualidade de vida dos idosos. Essa situação se deve ao fato ainda de muitas mulheres quando saem da idade reprodutiva preocupam-se menos com sexo do que homens.

NB – Você acredita que nas futuras gerações esse assunto será tratado com mais naturalidade?
DC – Acredito que pode sim ser tratado com mais naturalidade, visto que a população idosa está cada vez maior e os temas relacionados estão sendo cada vez mais estudados e discutidos.

NB – Em relação à parte fisiológica, com o tempo há uma perda natural de libido?
DC – Existem algumas perdas fisiológicas, o envelhecimento traz modificações físicas e emocionais nas pessoas. A perda de libido pode estar relacionada a alterações hormonais. O objetivo ao abordar o tema é conscientizar as pessoas sobre a importância de que os idosos mantenham na intimidade da relação às demonstrações de amor, afeto, carinho, companheirismo, e assim pode estimular o desejo sexual. Lembrando que a busca pelo desejo sexual não deve ser o objetivo principal, mas sim a melhora ou manutenção da qualidade de vida dos idosos, uma vez que, que a sexualidade não está relacionada apenas ao ato sexual.

NB – Há alguma restrição?
DC – Poderão existir restrições, caso apresente alguma patologia que impeça o idoso de realizar a atividade sexual, ou conforme restrição médica que poderá desencadear complicações em sua saúde.

NB – Quais são a dicas para a família e os amigos do idoso em relação ao tema?
DC – A família e os amigos devem ver com mais naturalidade a sexualidade na terceira idade, além de oferecer assistência e informações esclarecedoras através da criação de um vínculo com eles e lhes proporcionando segurança. O sexo assim como em qualquer idade exige proteção, use preservativo para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis. 

NB – Qual dica principal que você daria para homens e mulheres na terceira idade?
DC – O importante mesmo é que os idosos mantenham uma relação de confiança, carinho, companheirismo sem medo.

Reportagem: Thais Alves / Notícias do Bem

29/03/2017

29/03/2017 07:33

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